O Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) anunciou nesta quarta-feira (2) que manteve as taxas de juros e indicou que não está muito preocupado com a recente alta da inflação.
O Fed apontou que a inflação subiu, mas indicou que sua meta de 2% é “simétrica” – o que significa que ela pode flutuar acima ou abaixo desse valor.
Ao fim de dois dias de deliberações de seu Comitê de Política Monetária (FOMC), a entidade reafirmou sua linha de “novos aumentos graduais” dos juros – que subiram em março.
O índice de inflação PCE, principal referência do Fed para suas decisões, chegou a 2% em março pela primeira vez em quase um ano. O núcleo da inflação, que exclui preços mais voláteis, foi de 1,9%.
A inflação da maior economia do mundo se manteve persistentemente baixa no ano passado, devido a fatores temporários – como planos de telefonia baratos -, o que frustrou funcionários que esperavam que o maior crescimento do emprego pressionaria os salários e os preços.
Contudo, o comunicado do FOMC desta quarta alertou que desta a reunião anterior do organismo, em março, a inflação “se aproximou” da meta de 2%.
– Nervos acirrados –
A alta inflacionária deixou os nervos dos mercados financeiros acirrados. Eles temem que as taxas tenham que aumentar mais rapidamente e que haja pelo menos três aumentos no resto do ano, um a mais que o previsto.
Contudo, o FOMC disse que “espera-se que a inflação a 12 meses se oriente em direção do objetivo simétrico de 2% no médio prazo”.
Essa mudança aparentemente pequena, com a inclusão da palavra “simétrico”, recebeu atenção especial dos economistas.
“O uso da palavra ‘simétrico’ ao descrever a meta inflacionária de 2% sugere a vontade de permitir que fique mais quente”, disse o analistas Omer Esiner, da Commonwealth Foreign Exchange.
Os mercados também querem saber se o novo presidente do Fed, Jerome Powell, será mais ousado, ou agressivo, contra a inflação do que foi sua antecessora Janet Yellen. Contudo, é pouco provável que este comunicado ajude a avançar neste debate.
O comunicado reiterou que “com mais ajustes graduais na postura da política monetária, a atividade econômica se expandirá em ritmo moderado a médio prazo, e as condições do mercado de trabalho continuarão sendo sólidas”.
Também disse que “em linhas gerais” os riscos para as perspectivas econômicas estão equilibrados.
As taxas foram levemente elevadas na reunião monetária de março e estão na faixa de 1,50% e 1,75%. O mercado considera muito provável que sejam elevadas a um máximo de 2% na próxima reunião de junho do FOMC.
A reunião de junho trará prognósticos econômicos trimestrais, o que inclui uma previsão de quantos aumentos de taxas haverá no resto do ano.
No relatório de março, foram estimadas três altas para 2018, mas a consultoria RDQ Economics estima que as previsões de junho “mostrarão quatro, em vez de três, aumentos de taxas para 2018”.