Conforme as expectativas, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) manteve os juros na faixa entre 5,25% e 5,50%, e destacou que precisa ter mais “confiança” antes de iniciar um ciclo de cortes.

Por unanimidade, o Comitê de Política Monetária do Fed (FOMC) manteve estáveis as taxas de juros pela quarta reunião consecutiva.

Os diretores informaram que não vão começar a cortar os juros sem ter “maior confiança” de que a inflação se move de maneira “sustentável” para sua meta de longo prazo de 2% ao ano, ao mesmo tempo em que admitiram que há um “balanço maior” de riscos nos temas de inflação e emprego.

“Consideramos que nossa taxa de política monetária provavelmente atingiu seu pico para este ciclo de ajuste e, se a economia evoluir geralmente como esperamos, certamente será apropriado começar a reduzir a restrição monetária em algum momento deste ano”, afirmou o presidente do Fed, Jerome Powell, a repórteres após a reunião.

Powell acrescentou que “quase todos” os membros do Fed são favoráveis a um corte nas taxas este ano, mas essa decisão estará “vinculada” a uma “maior confiança de que a inflação está em um caminho sustentável em direção aos 2% ao ano”, reiterou.

Os mercados esperavam um primeiro corte em março, na próxima reunião do comitê, depois que o Fed informou, no fim do ano passado, que previa três ou quatro reduções no custo do crédito.

O Fed elevou 11 vezes suas taxas de juros entre março de 2022 e julho de 2023.

Estes aumentos visaram a encarecer o crédito, o que freia o consumo e os investimentos, atenuando as pressões sobre os preços.

“Os dados [de PIB, inflação e emprego] são incrivelmente bons”, lembrou, no começo da semana, a economista-chefe da KPMG, Diane Swonk, em um blog.

Mas, “as previsões econômicas são incertas”, avalia o Fed. “E o comitê [FOMC] segue atento aos riscos da inflação”, ressaltou a entidade após sua reunião de dois dias, terminada nesta quarta-feira.

– Dados positivos –

A inflação a 12 meses se manteve estável nos Estados Unidos em 2,6%, segundo o índice PCE publicado na sexta-feira pelo Departamento de Comércio, o dado mais acompanhado pelo Fed.

Na medição mês a mês, no entanto, a inflação teve leve alta de 0,2% em dezembro em relação a novembro, depois que os preços recuaram 0,1% entre outubro e novembro.

Mas o índice preferido pelo Banco Central deu conta de uma inflação subjacente – que exclui os preços voláteis de alimentação e energia -, que segue moderando-se e está em 2,9% em 12 meses até dezembro.

O crescimento do PIB, enquanto isso, foi maior que o esperado em 2023, inclusive acima do dado de 2022, situando-se em 2,5%.

A taxa de desemprego se mantém em níveis mínimos em 50 anos, em 3,7%, segundo o dado de dezembro. Os dados de desemprego para janeiro serão divulgados na sexta-feira.

No setor privado americano, as empresas criaram 107.000 empregos em janeiro, muito abaixo do esperado pelo mercado e muito menos que em dezembro, enquanto o aumento dos salários também se moderou, segundo a pesquisa mensal ADP/Stanford Lab, divulgada nesta quarta-feira.

“A economia parece se dirigir para um pouso suave nos Estados Unidos e no mundo”, destacou a economista-chefe da ADP, Nela Richardson, em referência a uma expressão que significa uma redução da inflação sem recessão.

O Banco Central Europeu (BCE), que realizou sua reunião na quinta-feira passada, decidiu manter suas taxas de juros, acabando com as esperanças daqueles que viam sinais de flexibilização.

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