Com a persistente força da economia americana, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) elevou a taxa básica de juros nesta quarta-feira pela terceira vez neste ano, mas não deu sinais de que possa tomar medidas mais agressivas para conter a inflação.

Em decisão já antecipada, o banco central subiu os juros para a faixa de 2% a 2,25%, uma alta de um quarto de ponto.

Contudo, o presidente do Fed, Jerome Powell, alertou que as tensões comerciais ainda representam um risco no cenário, inclusive de alta dos preços, embora tenha indicado que ainda é cedo para avaliar seu impacto na economia.

Por outro lado, Powell disse não ver vulnerabilidades “perturbadoras” nos mercados financeiros, mesmo com os índices perto de níveis inéditos em alguns casos.

Pouco após o anúncio, o presidente Donald Trump criticou novamente o Fed por aumentar os juros.

“Infelizmente, eles acabaram de aumentar um pouco as taxas de juros porque estamos indo muito bem. Não estou feliz com isso”, disse Trump em uma entrevista coletiva à margem da Assembleia Geral da ONU.

“Eu prefiro pagar dívidas ou fazer outras coisas”, acrescentou. “Então, estou preocupado com o fato de que eles parecem gostar de aumentar as taxas de juros”.

Questionado anteriormente sobre as críticas que Trump já tinha feito aos aumentos das taxas do Fed, que, segundo ele, poderiam prejudicar a economia em expansão, Powell disse que o banco central não levou em consideração “fatores políticos”.

Os membros do Fed “tentam definir a política monetária para alcançar o emprego máximo em um complexo de estabilidade de preços. Não consideramos fatores políticos ou coisas assim”, disse Powell à imprensa.

– Preocupações –

Novamente, a instituição afirmou que “futuros aumentos graduais” permitiriam a expansão contínua da economia, mantendo a inflação perto da meta do Fed de 2%.

Powell disse que o ritmo gradual ajuda a sustentar a expansão econômica contínua, mesmo que os benefícios não tenham alcançado todos os americanos.

“Muitos dos desafios econômicos do nosso país estão além do escopo do Fed, mas meus colegas e eu estamos fazendo tudo o que podemos para manter a economia forte, saudável e avançando”, disse Powell em entrevista coletiva após o anúncio.

A declaração não descreve mais o nível da taxa de juros como “acomodativo”, mas Powell enfatizou que isso não é uma indicação de uma mudança “no caminho da política”.

O Fed elevou a taxa básica oito vezes desde o fim de 2015, com mais uma alta esperada na última reunião do ano, em dezembro.

A decisão do banco central vem em meio ao agravamento das tensões no comércio global, com o presidente Donald Trump reforçando sua posição de confronto, com elevadas tarifas sobre bilhões de dólares em importações.

Powell disse que o Fed estava ouvindo um “coro crescente” de preocupações em empresas em todo o país sobre a incerteza e o aumento dos custos.

As empresas americanas se preocupam com a “interrupção das cadeias de fornecimento, materiais, aumento de custos e perda de mercados”.

A preocupação do Fed é que isso poderia levar à “perda da confiança empresarial e reduzir o investimento”.

“É um risco. Os preços podem acabar subindo. Não vemos isso ainda, mas os preços de varejo podem subir”, disse ele.

Wall Street não pareceu ficar especialmente satisfeita com a decisão do Fed. Após um aumento inicial, os três principais índices de ações terminaram o dia em baixa, embora tais movimentos não sejam incomuns no dia de uma alteração da taxa de juros.

Em suas previsões trimestrais, os membros do comitê não indicaram que teriam que agir mais agressivamente para conter os preços.

O índice de preços preferido do Fed, baseado nos gastos do consumidor, subiu 2,3% nos 12 meses encerrados em julho – seu ritmo mais forte desde março de 2012. Contudo, excluindo os preços voláteis dos alimentos e da energia, a inflação subiu 2,0%, exatamente a meta do Fed.