Mais de 1.800 jornais americanos fecharam desde 2004, expandindo os “desertos de notícias” locais, com pouca ou nenhuma informação sobre assuntos públicos, disseram pesquisadores em um estudo publicado nesta segunda-feira (15).

O estudo, realizado pela Escola de Mídias e Jornalismo da Universidade da Carolina do Norte (UNC), que atualiza outro realizado em 2016, concluiu que mais de um quinto dos jornais ou semanários locais fecharam em 15 anos.

Como resultado, “milhares das nossas comunidades estão em risco de se tornarem novos desertos” de informação, aponta o relatório.

Metade dos 3.143 condados dos Estados Unidos agora têm apenas um jornal, em geral um pequeno semanário, e quase 200 não têm nenhum.

“As pessoas com o menor acesso às notícias locais costumam ser as mais vulneráveis: as mais pobres, as menos educadas e as mais isoladas”, aponta.

Este é o mais recente estudo que destaca o estado sombrio da outrora próspera indústria jornalística americana. Um relatório do Pew Research Center deste ano mostrou que o número de vagas de emprego em redações caíram 23% desde 2008, principalmente nos jornais.

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Pesquisadores da UNC disseram que a perda de tantos jornais locais, como resultado da transformação digital na indústria, torna mais difícil manter os cidadãos informados e fazer os funcionários públicos prestarem contas.

Embora os Estados Unidos ainda tenham 7.100 jornais, muitos são “fantasmas” de si mesmos, com equipe reduzida e menos recursos.

Apesar da abundância de notícias mundiais e nacionais online, a fundamental cobertura de problemas locais está diminuindo, indicou a pesquisa.

“Não há soluções fáceis”, explica. “Precisamos garantir que tudo que substitua a versão do século 20 dos jornais locais cumpra as mesmas funções de construção comunitária”.

Como parte da turbulência, mais da metade dos jornais mudaram de proprietário na última década, e hoje as 25 maiores emissoras têm um terço do total do mercado.

“Não é surpreendente que o número de proprietários independentes tenha diminuído significativamente nos últimos anos, já que os jornais familiares jogaram a toalha e se venderam para os grandes”, apontam os estudiosos.


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