Ex-presidente dos EUA diz que agentes "invadiram" seu resort em Mar-a-Lago e "arrombaram" cofre. Operação estaria ligada a documentos confidenciais que Trump levou da Casa Branca. FBI não se pronuncia.O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump afirmou que agentes do FBI, o departamento federal de investigação do país, fizeram buscas nesta segunda-feira (08/08) em sua propriedade em Mar-a-Lago, na Flórida, numa operação que chamou de "má conduta judicial".

O Departamento de Justiça dos EUA e o FBI se recusaram a comentar sobre as buscas. Mas Eric Trump, um dos filhos do ex-presidente, disse à emissora Fox News que a operação estava ligada a uma investigação sobre documentos confidenciais que Trump levou da Casa Branca. Fontes familiarizadas com o assunto confirmaram a informação à imprensa americana.

A busca sem precedentes na casa de um ex-presidente dos EUA marca uma escalada significativa no inquérito sobre os documentos confidenciais, que é uma das várias investigações contra Trump ligadas ao período em que ele comandou a Casa Branca ou a seus negócios privados.

Em nota, o ex-presidente afirmou que sua propriedade estava "sendo sitiada, invadida e ocupada", sem mencionar os motivos das buscas. "Após trabalhar e cooperar com as agências do governo competentes, esse ataque não anunciado à minha casa não era necessário ou apropriado", disse Trump. "Eles até arrombaram meu cofre!"

Segundo a Fox News, o magnata não estava em seu resort na Flórida no momento da operação. O veículo publicou uma foto que mostrava o ex-presidente saindo da Trump Tower, em Nova York, nesta segunda-feira.

Trump, que se mudou para Mar-a-Lago após deixar a Casa Branca em janeiro de 2021, geralmente passa os verões em seu clube de golfe em Bedminster, Nova Jersey, uma vez que o resort normalmente fecha para o verão.

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Quem autorizou as buscas

Nos Estados Unidos, qualquer busca em uma residência privada precisa ser aprovada por um juiz, depois que o órgão competente de investigação demonstrar uma causa provável para justificar a operação.

Provavelmente ela teria que ser aprovada também pelo diretor do FBI, Christopher Wray, que foi indicado por Trump, e pelo chefe dele, o procurador-geral Merrick Garland, que foi nomeado por seu sucessor e adversário político, o presidente Joe Biden.

Apoiadores democratas de Biden têm criticado Garland por ser excessivamente cauteloso ao investigar Trump sobre suas tentativas de reverter sua derrota nas eleições de 2020. Um funcionário da Casa Branca disse que o presidente americano não foi avisado com antecedência sobre as buscas na Flórida e encaminhou perguntas ao Departamento de Justiça.

"Não se engane, o procurador-geral teve que autorizar isso", disse Phillip Halpern, ex-promotor federal especializado em casos de corrupção pública. "Isso foi uma coisa grande, e cada pessoa na cadeia [de autoridades] teria que assinar isso", afirmou.

A investigação

Em fevereiro, o arquivista David Ferriero informou à Câmara dos EUA que a Administração Nacional de Arquivos e Registros esteve em comunicação com Trump ao longo de 2021 sobre a devolução de 15 caixas de registros. Ele finalmente as devolveu em janeiro de 2022.

À época, o Arquivo Nacional ainda estava realizando um inventário, mas observou que algumas das caixas continham itens "marcados como informações confidenciais de segurança nacional".

Trump confirmou que havia concordado em devolver certos documentos ao órgão, num processo que chamou de "comum e rotineiro".

Segundo afirmou em abril uma fonte familiarizada com o assunto, o Departamento de Justiça então abriu uma investigação contra Trump por ter levado os documentos para a propriedade na Flórida.

Lara Trump, nora do ex-presidente, argumentou que ele só havia levado lembranças que estava legalmente autorizado a retirar da Casa Branca.


"Meu sogro, como qualquer um que esteve muito perto dele sabe, adora guardar coisas como recortes de jornais, recortes de revistas, fotografias, documentos que ele tinha toda autoridade para retirar da Casa Branca", afirmou Lara Trump à Fox News.

Uma lei federal chamada Lei de Registros Presidenciais dos EUA exige a preservação de memorandos, cartas, notas, e-mails, faxes e outras comunicações escritas relacionadas aos deveres oficiais de um presidente.

ek/lf (Reuters, AP, AFP)


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