Eu não sei se essa gente bolsonarista – e o próprio verdugo que dá o nome aos bois – é amadora, burra, mal-intencionada, afoita, desesperada ou tudo isso, junto e misturado, em concorrência com a conhecida e irrefreável ebulição golpista. O fato é que inventam tanta besteira, mas tanta besteira, que nem os bolsominions acreditam mais.

O primeiro inimigo foi o Congresso. Daí rolou acordo com o centrão, e o orçamento secreto resolveu tudo. O segundo inimigo foi o Supremo. Daí Dias Toffoli e Gilmar Mendes deram uma ajudinha, e o senador das rachadinhas, após retirar a assinatura da (quase) CPI da Lava Toga, respirou aliviado. Mas a vida dos golpistas tinha de continuar.

Em seguida, ao invés de demonizar o STF, o alvo passou a ser Alexandre de Moraes, o Xandão. Não satisfeitos, miraram as urnas eletrônicas. Humilhados, transformaram o ministro Barroso em bola de vez. Derrotados pelos fatos, partiram para cima das pesquisas eleitorais, e, agora, querem até mesmo prender os donos dos institutos.

Até o momento nada funcionou, e ainda que aos trancos e barrancos, a democracia segue seu rumo. Roberto Jefferson mandou chumbo na PF, mas o tiro saiu pela culatra. Por fim, ao menos até então, o novo ataque golpista também deu com os burros n’água: o “escândalo” das inserções eleitorais é simplesmente patético.

Deixe-me desenhar bem direitinho pra vocês, meus leitores queridos. Garanto que até Dilma Rousseff, nossa eterna estoquista de vento, conseguirá entender e explicar para os outros. Bora lá? Bem, primeiro é importante eu lembrar: absolutamente tudo o que segue abaixo é fato! Não é palpite, não é “diz que me diz”, não é opinião. É fato!

A empresa que fez a “auditoria” é uma fornecedora da Havan – sim, a do véio! – e não tem qualquer experiência no assunto. Aliás, foi fundada há menos de três anos. Além disso, usa um programa que não serve para porcaria nenhuma, senão causar confusão. Ele “ouve” mal, interpreta mal e conclui pior ainda. Não se trata, pois, de auditoria alguma.

Por exemplo: ele “ouve” rádios na internet (streaming), onde as inserções eleitorais não são transmitidas. Ele “ouve” rádios nos estados, onde há segundo turno, e o nome “Lula” é, por óbvio, falado mais vezes (os candidatos aliados veiculam propagandas atreladas ao sapo barbudo). Por isso eu disse que “ouve” mal e interpreta pior ainda. Mas não só.

A denúncia feita pelos bolsonaristas falava em 154 mil veiculações sonegadas ao amigão do Queiroz. Sabe como chegaram a este número? Pegaram 8 rádios – sim, oito! -, acharam 700 inserções faltantes (o que não foi provado) e fizeram um cálculo estimado para todo o Brasil (há quase 5 mil rádios em operação por todo o País). Sério! Eu juro que foi assim.

Mas não acabou, não, amigos e amigas. Sabe o tal funcionário demitido do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)? Pois é. Ele é bolsominion assumido, cheio de publicações nas redes, e disse que recebeu uma denúncia de fraude de uma rádio baiana. Beleza. Mas a rádio, vejam vocês, é de uma senhora que faz propaganda para… Jair Bolsonaro!

Sim, a senhora tem foto ao lado da primeira-dama Michelle – aquela dos micheques do Queiroz, lembram? -, fazendo propaganda eleitoral para o presidente. Acreditem ou não, mas quem denuncia a fraude (que não houve) – favorecimento ao meliante de São Bernardo – prejudicaria, se assim fosse, o próprio mito de sua louca idolatria.

Ah! Tem rádio comunicando ao TSE que jamais recebeu o material eleitoral, e por isso não o veiculou conforme deveria. Explico: a responsabilidade pela distribuição das inserções é do próprio PL (Partido Liberal), do ex-presidiário e mensaleiro Valdemar da Costa Neto, sócio do clã Bolsonaro na direção do partido. Ou seja, neste caso, a culpa é deles mesmos.

Aliás, é mentira do patriarca das rachadinhas, que o TSE é o responsável por distribuir e fiscalizar o material de campanha e a veiculação. A responsabilidade é dos partidos! O TSE não produz, não distribui e não fiscaliza nada. Se os partidos encontram irregularidades, avisam ao Tribunal que, então, atua conforme a legislação eleitoral. Nada mais.

Então, ficamos assim: é mentira o número de inserções faltantes. É mentira a correlação entre o funcionário demitido e a rádio baiana. É mentira a responsabilidade do TSE. É mentira que houve auditoria – a empresa é nova, sem experiência e fornecedora do Véio da Havan. O PL, por vezes, não enviou material e não fiscalizou, conforme suas atribuições.

Mas é fato que Jair Bolsonaro, o devoto da cloroquina, e sua gente aloprada não aceitam a possibilidade de derrota. É fato que tentaram, tentam e tentarão destruir o processo eleitoral e, no limite, a própria democracia brasileira. É fato que este factóide é apenas mais uma tentativa tosca de melar o jogo e semear mais terraplanismo na cabeça oca do gado.

Não há resultado aceitável para essa canalha, senão a vitória no domingo… Toc, toc, toc! Até lá, provavelmente, insistirão nas mentiras, nas fake news e na baixaria eleitoral. Insistirão no golpismo assumido. E eu insistirei em contrariar 99.99% dos meus amigos, ainda que isso me custe assistir a Lula da Silva – contra a minha vontade!! – substituir este “tumor maligno” para a democracia, que é Jair Bolsonaro, o Messias do apocalipse golpista.