O governo da Coreia do Sul propôs banir a carne de cachorro no país provocando a reação de cerca de 200 fazendeiros que vivem deste comércio e que decidiram se reunir na frente do gabinete presidencial em Seul, nesta quinta-feira, 30. Os produtores ameaçaram soltar dois milhões de cães em locais públicos e na casa de legisladores. As informações são da revista Time.

+ Coreia do Sul avalia proibir consumo de carne de cachorro

+ Mercado na Indonésia proíbe comércio de carne de gato e cachorro

Entenda o caso:

  • O projeto de lei, proposto em 17 de novembro pelo Partido do Poder do Povo, que governa o país, pretende banir a comercialização e a produção de carne de cachorro na Coreia do Sul até o ano de 2027;
  • Pela proposta, o estado forneceria assistência durante três anos para que os restaurantes e fazendeiros pudessem realizar uma transição do negócio;
  • Caso as medidas sejam descumpridas, as punições envolvem uma sentença que pode chegar a cinco anos de detenção ou multas que podem chegar a 50 milhões de wons (cerca de R$ 188,6 mil);
  • A proposta também é apoiada pela oposição, o que é raro na política do país asiático, mas a personalidade que mais advoga pela lei é a primeira-dama Kim Keon-Hee, que possui seis cachorros e cinco gatos.

As autoridades sul-coreanas repreenderam as manifestações feitas pela Associação de Fazendeiros de Carne de Cachorro do país. Não é a primeira vez que tais protestos ocorrem, em anos passados, projetos de lei semelhantes foram rechaçados pelos produtores e restaurantes que vivem deste comércio.

Em 2019, um evento de degustação de carne de cachorro foi realizado em frente à Assembleia Nacional da Coreia do Sul enquanto ativistas dos direitos animais conduziam uma ação exigindo o banimento de tal comércio. A prática de alimentação é tradicional no país asiático, mas hoje em dia, a maior parte dos consumidores integra as gerações mais velhas. Cerca de 86% da população sul-coreana não possui interesse em comer cães, segundo pesquisa da HSI (Humane Society International).

Números oficiais apontam que existem mais de mil fazendas e 34 abatedouros de cachorros na Coreia do Sul, que servem cerca de 1600 estabelecimentos em todo o país. Entretanto, a indústria que vive deste comércio questiona esses dados, afirmando que 3500 propriedades e três mil restaurantes correm o risco de fecharem caso o banimento seja de fato implementado. O argumento contrário à aprovação do projeto de lei é que produtores não conseguiriam se sustentar em um mercado que não aceita a carne de cães.