O Ministério da Fazenda afirmou que o novo crescimento surpreendente do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre confere viés de alta na atual perspectiva de expansão da economia brasileira este ano. Conforme a Secretaria de Política Econômica (SPE) do ministério, a projeção atual é de 2,5%.

A pasta liderada por Fernando Haddad ainda destacou que o crescimento do Brasil no período só ficou atrás do Japão entre os países do G-20 que já divulgaram seus resultados.

O PIB cresceu 0,9% no segundo trimestre, perto do teto da pesquisa do Projeções Broadcast, de 1,1%. A mediana era de 0,3%. No primeiro trimestre, a alta foi de 1,8%. Nos cálculos da Fazenda, o carregamento estatístico desse resultado é de 3,1%. Ou seja, se houver estabilidade nos próximos trimestres do ano, a economia pode crescer 3,1% em 2023.

“A variação ficou acima da mediana das expectativas de mercado (0,3%; AE Broadcast) e da projeção da SPE (0,3%)”, disse a Fazenda, em nota.

A pasta destacou a menor retração do setor agropecuário comparativamente ao esperado pelas projeções de mercado e o maior crescimento em Serviços, como reflexo do avanço em “Outras atividades de serviço”. Ressaltou ainda a expansão mais forte do que a esperada tanto para o consumo das famílias (0,9%) como para o consumo do governo (0,7%).

Em relação à desaceleração do PIB na margem, a Fazenda observou que foi explicada principalmente pela dinâmica de atividades menos sensíveis ao ciclo monetário, como o setor agropecuário (21% para -0,9%), a indústria extrativa (3,0% para 1,8%) e administração pública. “Atividades mais sensíveis às condições financeiras e de crédito, como é o caso da Indústria de transformação (-0,7% para 0,3%), Construção e Outras atividades de serviços, mostraram evolução mais favorável no trimestre.”

No caso do segmento de serviços, a Fazenda avalia que reflete a resiliência do mercado de trabalho e a criação líquida positiva de empregos no trimestre, a redução da inflação e as políticas de transferência de renda, com destaque para o aumento do salário mínimo.

Segundo semestre

A Fazenda espera desaceleração do crescimento na margem no terceiro trimestre, seguida de leve recuperação no quarto. “A expectativa de menor ritmo de crescimento é explicada, principalmente, pelos impactos defasados da política monetária na atividade, pelas condições financeiras que ainda seguem restritivas a despeito do início do ciclo de cortes nos juros, e pelo menor ritmo de crescimento mundial”, diz, citando ainda a desaceleração de criação de novos postos de trabalho.

Com os ventos positivos, que trazem viés de alta para a projeção oficial da Fazenda para 2023, houve destaque para redução da inflação de alimentos, a queda da inadimplência por efeito do Desenrola, melhores condições no crédito com a queda da taxa Selic, entre outros.