O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fabio Kanczuk, explicou nesta quarta-feira, 22, a nova projeção de 0,5% de crescimento para 2017. Kanczuk afirmou que esse “número é chave” nas projeções para o PIB deste ano. Ele adiantou que não irá comentar sobre o impacto da nova estimativa sobre o Orçamento. “Eu não vou falar sobre orçamento ou impacto desse cenário macroeconômico sobre as receitas. Isso sai ainda hoje, mas não é o tópico dessa entrevista”, afirmou.

Segundo ele, a redução de 1% para 0,5% da projeção da equipe econômica para a alta do PIB para este ano tem algum efeito da política monetária – com a redução da inflação e a queda nos juros -, mas o efeito principal da crise está no crédito. “Crise começou com confiança e passou para o crédito. Temos olhado com detalhe o crédito com dados do Banco Central, mas esses dados têm algum atraso. Variável que temos olhado com mais atenção é a alavancagem”, completou.

Kanczuk destacou especialmente o endividamento das empresas, que cresceu a partir de 2011 e começou a cair em 2015. “Também está havendo uma desalavancagem do endividamento das famílias, mas em um processo mais suave”, acrescentou.

De acordo com o secretário, a desalavancagem das empresas se tornou mais expressiva no 4º trimestre do ano passado, quando as firmas pagaram grande volume de dívidas, mas, consequentemente, consumiram e investiram menos. “Isso explica por que o 4º trimestre de 2016 teve número expressivo negativo. Mas agora a desalavancagem ficou para trás e o futuro promete ser muito melhor”, argumentou. “Para o quarto trimestre de 2016, não esperávamos crescimento”, completou.

Para Kanczuk, o pior ritmo no fim de 2016 se transformará em um crescimento mais robusto à frente, com aceleração até o fim deste ano. “A projeção de 0,5% não é um número exuberante, mas os números trimestrais são muito bons. Ao analisar trimestres, ponto pior da economia foi dezembro de 2015”, analisou.

Por isso, a Fazenda prevê um crescimento já no 1º trimestre de 2017 e estima que o crescimento do PIB no 4º trimestre deste ano será de 2,7% em relação ao 4º trimestre do ano passado. “Esse número é mais importante que a média de 0,5%. O número trimestral tem uma ‘cara joia e robusta apesar do 0,5% anual. O número médio anual é importante, mas o que dá a sensação de crescimento é o trimestral”, avaliou.

Ele destacou ainda que a previsão antiga de alta de 1% do PIB era um cenário simétrico com balanço de riscos neutros. Agora, a projeção de 0,5% tem um balanço de riscos positivo, ou seja, a chance de o resultado ser melhor que a projeção é maior do que a chance de ser pior que o estimado.