Se fossem um Estado avulso, as favelas do Rio estariam na 14ª posição na lista dos que mais registraram mortes pela Covid-19 no País: somam um total de 176 óbitos confirmados até esta quinta-feira, 21, segundo levantamento da ONG Voz das Comunidades.

As comunidades – que, segundo o Censo 2010 do IBGE, somam 1,4 milhão de pessoas – ficariam à frente, por exemplo, de Estados populosos como Rio Grande do Sul e Paraná, com mais de 10 milhões de habitantes.

A favela mais afetada é a Rocinha, na zona sul, com 49 mortes – mais que o dobro da Maré, na zona norte, que registra 23 óbitos e aparece em segundo na lista.

Os números superlativos nas comunidades da capital também ficam claros quando comparados com municípios vizinhos. Com população de quase 1 milhão de pessoas, Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, é a cidade fluminense mais afetada pelo coronavírus depois do Rio. E tem menos mortes que as favelas: 167.

Em meio a esse cenário, as comunidades ainda enfrentam outro problema antigo: as operações policiais de combate ao tráfico. Mesmo com a pandemia, o Complexo do Alemão, na zona norte, passou por uma delas na semana passada. O resultado foram 13 mortes – a favela tem 14 óbitos por covid.

“Em meio à pandemia, uma operação policial na favela. Aqui mesmo onde falta água e a fome se faz presente… Vejam, essa foi a principal forma que o Estado dialogou com o nosso momento atual. A falsa ideia de guerra contra as drogas, que não transforma realidades de forma positiva e aumenta a violência. Lastimável. Se não morrer de vírus ou de fome, te matarão com tiros de fuzil, em nome de uma segurança pública que não inclui nosso povo”, escreveu nas redes sociais o ativista Raull Santiago.

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O Estado do Rio registra, ao todo, 32.089 infectados e 3412 mortes pela doença. É o segundo mais afetado do País, atrás apenas de São Paulo.


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