O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), determinou que todo o Estado estará em “fase emergencial” entre a próxima segunda-feira, 15, e 30 de março. A nova classificação prevê restrições a 14 atividades, o que deve restringir a circulação de 4 milhões de pessoas diariamente. Estará vetado o funcionamento presencial de lojas de construção, celebrações religiosas, atividades esportivas coletivas e serviços de retirada de compras (“take away”). Além disso, o home office será obrigatório em órgãos públicos, escritórios e “quaisquer atividades desde que o setor não seja essencial”. Também foi determinado um toque de recolher entre as 20h e as 5h, diariamente.

Praias e parques deverão ser fechados. Os serviços de drive-thru poderão funcionar apenas entre as 5h e as 20h, mas o delivery é permitido em qualquer horário. O objetivo é garantir o isolamento social em um índice de 50%.

Também foram recomendados escalonamentos de horário de atividades para reduzir as aglomerações no transporte coletivo. A indicação é que trabalhadores da indústria entrem entre as 5h e as 7h, enquanto de serviços das 7h às 9h e, por fim, do comércio das 9h às 11h.

As escolas estaduais estarão abertas apenas para alimentação e distribuição de materiais e chips mediante agendamento prévio. “Nós recomendamos para todos os municípios e redes privadas, atividades sejam realizadas aquilo que seja realmente necessário. Se puder fazer à distância, faça à distância”, disse o secretário estadual da Educação, Rossieli Soares. Além disso, as semanas de recesso de abril e outubro estão antecipadas no Estado e ocorrerão entre 15 e 28 de março. As escolas particulares e municipais terão autonomia para fechar ou não.

Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta-feira, o governador já havia avisado que iria tomar medidas mais restritivas para conter o avanço do coronavírus. O secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, destacou que “vários” hospitais estão “comprometidos” e lotados. “Hoje, 53 municípios estão com 100% na taxas de ocupação lembrando que segunda eram 32 municípios com esse porcentual”, disse. “A velocidade da pandemia no nosso Estado que compromete a assistência à vida.” Gorinchteyn destacou que o número de internados em UTI hoje no Estado é 47% maior do que na primeira onda, em 2020.

O Estado tem hoje 9.184 internados em UTI e outros 11.692 em leitos de enfermaria. Gorinchteyn reiterou que a pandemia tem um comportamento diferente do primeiro semestre de 2020, quando era predominante a internação de idosos e pessoas com doenças que “agravavam a condição clínica”.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Na coletiva de imprensa, Doria exibiu um vídeo de UTIs lotadas em municípios paulistas, como Botucatu, Bauru, Itapecerica da Serra, Ferraz de Vasconcelos, Osasco, Piracicaba e Presidente Prudente, além da capital paulista (em distritos como Guaianazes, Vila Alpina e Ipiranga). “Faça sua parte”, diz o encerramento da exibição.

Novamente, foram divulgados números para denúncias de aglomeração, que podem ser feitas pelos telefones 0800 771 3541 e 3065 4666, pelo site do Procon (procon.sp.gov.br) e pelo e-mail secretarias@cvs.saude.sp.gov.br.

Recesso escolar

Desde quarta-feira, os membros do centro de contingência e do governo já fizeram três reuniões para decidir as restrições. A sensação atual é a de que a fase vermelha não foi suficiente para conter a circulação. “Estamos tentando equilibrar essa equação da economia com a saúde. Mas temos que entrar numa nova etapa do Plano São Paulo. Ela é mais restritiva, eu reconheço. Não é fácil tomar essa decisão, uma decisão impopular, difícil, dura. Nenhum governante gosta de parar as atividades econômicas do seu Estado”, disse Doria, no vídeo.

O recesso escolar na rede estadual acontece em abril e em outubro. Ele será antecipado para o dia 15 e durará até o dia 28 de março. As outras redes têm calendário próprio e costumam fazê-lo em julho.

O secretário de Educação, Rossieli Soares, tem lutado internamente no governo para manter as escolas abertas, como fizeram países desenvolvidos. Elas funcionaram até agora por um decreto estadual que permitia o funcionamento da educação até na fase vermelha do plano de flexibilização.

Segundo o Estadão apurou, a Prefeitura de São Paulo também defende que as escolas continuem abertas e vai estudar a recomendação do Estado para fechamento por 15 dias. Rossieli vai recomendar que a educação continue aberta para os alunos que mais precisam, como já havia feito na semana passada. E também que continuem com a presença de 35% dos estudantes, por turno.

Na rede estadual, a merenda continuará sendo servida para quem necessitar, já que as merendeiras estarão nas unidades. As escolas também continuarão a entregar os chips para que os alunos possam usar em ensino remoto e materiais didáticos nesse período.

“Teremos de adotar medidas mais restritivas de distanciamento social para diminuir a circulação do vírus. É a única forma para tentarmos neste momento conter a aceleração das mortes e evitar que tantas famílias sejam devastadas, como vem acontecendo todos os dias. Aqui e no Brasil”, afirmou o governador em vídeo. “Infelizmente, nós chegamos no momento mais crítico, mais crítico da pandemia. Nossos hospitais estão chegando no limite, no limite máximo de ocupação. Essa nova cepa do vírus é muito agressiva, é muito perigosa.”


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias