23/09/2022 - 15:47
Vinte e quatro anos depois de chegar ao profissionalismo do tênis, o suíço Roger Federer deixa as quadras para uma despedida digna de seus adoradores planetários. Aclamado pela elegância – não apenas da imagem: principalmente pelas atitudes -, disputa sua última partida oficial aos 41 anos e ao lado do adversário mais renitente: o espanhol, e agora não mais tão marrento, Rafael Nadal. Como em 2017, na Laver Cup da República Tcheca, os dois tenistas voltam como dupla inscrita no mesmo torneio de exibição, desta vez marcado para Londres, nesta sexta-feira, 23 de setembro de 2022. No oposto da quadra, para testemunhos da história, constarão os privilegiados norte-americanos Jack Sock y Frances Tiafoe.
Quando se tem o privilégio de acompanhar gênios atuando ao mesmo tempo e por longos períodos, é possível apreciar o que representou Federer/Nadal – ou, até para citar apenas mais um exemplo do tênis, Peter Sampras/Andre Agassi. São movimentos em coreografia a partir de pensamentos táticos antecipando jogadas esplendorosas, criativas, inesperadas, inacreditáveis e… maravilhosas. O fascínio por uma partida muito disputada e bela em sua inteligência fica mais patente em esportes individuais, mas quem se atreve a descartar acrobacias de Pelé no futebol, voos de Michael Jordan no basquete, precisão no desenho de fibras musculares em movimento na câmera lenta de uns 100m de Usain Bolt, ou braços estendidos de gigantes consagrados – brasileiros, italianos… -buscando um bloqueio no vôlei?
É quando se tem a sensação de ver, sim, um representante do Olimpo. Mais ainda se ao vivo. E é quando homens sentem que podem se aproximar dos deuses. Lamentos pelos mortais que não percebem, mas podemos apreciar a beleza, a precisão, o talento junto com o suor, e ter as mesmas sensações de façanhas tantas, por seu significado verdadeiro: cultivar o prazer do trabalho de toda uma vida, e a cada dia, pelo melhor, sempre. Lamentos por aqueles que não se sentirem deuses milimetricamente acompanhando os últimos minutos do tênis de Roger Federer.