Farmacêuticas dos EUA aumentam preços bem acima da inflação, denuncia relatório

Farmacêuticas dos EUA aumentam preços bem acima da inflação, denuncia relatório

A indústria farmacêutica dos Estados Unidos tem uma política de preços que prejudica os mais vulneráveis, impossibilitados de acessar medicamentos essenciais, concluiu uma pesquisa do Congresso publicada nesta sexta-feira (10).

Os pesquisadores focaram em dez fabricantes que acusam de aumentar os preços dos medicamentos em quase quatro vezes a taxa de inflação durante os últimos cinco anos.

“A investigação do comitê revelou que os preços dos medicamentos são injustos e injustificados e estão sempre em alta”, disse em coletiva de imprensa a congressista Carolyn Maloney, coordenadora desse trabalho que levou três anos.

Os americanos gastam cerca de 11 mil dólares por ano com saúde, o nível mais alto de todo o mundo industrializado. Os remédios representam uma porção substancial dessa despesa.

O relatório de 269 páginas, elaborado pela maioria democrata do Comitê de Supervisão da Câmara dos Representantes, oferece o que Maloney descreveu como um “raro vislumbre” das táticas das empresas farmacêuticas mais lucrativas do mundo.

Para 12 medicamentos examinados pelo comitê, os fabricantes elevaram os preços mais de 250 vezes desde 2016, afirmou a legisladora.

Mindy Salango, diabética e defensora dos pacientes de Morgantown, na Virgínia Ocidental, contou que se viu obrigada a organizar encontros clandestinos para dar aos pacientes doses de insulina às quais eles não teriam acesso.

“Não somos criminosos e nos encontramos em estacionamentos como se fôssemos. Isso não é atendimento médico. É a sobrevivência dos mais ricos”, declarou aos jornalistas a ativista, que paga por sua insulina cerca de 350 dólares por mês.

– “Lucros recordes” –

As empresas do setor “têm obtido lucros recordes às custas das vidas dos diabéticos e outros que sofrem de doenças crônicas e precisam de remédios para sobreviver”, acrescentou.

Segundo seus autores, esta pesquisa “confirma que, nos Estados Unidos, a indústria farmacêutica tem por muitos anos visado aumentar os preços enquanto os mantém ou reduz no resto do mundo”.

Os fabricantes de medicamentos alegam que os aumentos de preços apoiam o desenvolvimento e que usaram parte significativa do financiamento que receberam para “suprimir a competição”, o que é rejeitado pelo documento.

Os democratas esperam que o relatório sirva de base para o debate parlamentar sobre o projeto de lei de bem estar social conhecido como Build Back Better. O programa de 1,75 trilhão de dólares do presidente Joe Biden será levado ao Senado nas próximas semanas.

Se o plano for aprovado, haverá um limite de 35 dólares por mês para os gastos com insulina e um máximo de 2 mil dólares por ano que o mecanismo estatal Medicare poderá cobrar de uma pessoa por medicamentos.