Donald Trump e Jair Bolsonaro são almas gêmeas. O ex-presidente dos EUA foi condenado por ter cometido uma série de crimes contábeis para esconder o pagamento por baixo do pano da atriz pornô Stormy Daniels, com quem teve um caso extraconjugal, além de outros delitos que ainda não foram a julgamento, como desviar documentos oficiais, escondendo-os em sua mansão de Mar-a-Lago, e tentar comprar votos na Geórgia.

O ex-presidente brasileiro, por sua vez, é acusado de desviar joias do governo, falsificar o atestado de vacina e desqualificar o processo eleitoral, com ataques às urnas e à democracia. O americano foi condenado e pode ir para prisão, enquanto o brasileiro já foi considerado inelegível e também pode ir para a cadeia. Os dois são representantes da extrema direita, machistas, misóginos e propagadores de fake news.

Mas eles têm acusações ainda mais graves em comum, como tentar dar um golpe de Estado. Trump incentivou seus seguidores a invadirem o Capitólio (o Congresso americano) no dia 6 de janeiro de 2020. Já, Bolsonaro, é acusado de ter articulado uma tentativa de golpe de Estado, com a participação de militares e auxiliares próximos, na invasão às sedes dos Três Poderes,
em 8 de janeiro de 2023. Para Trump, o objetivo era não deixar Joe Biden assumir, enquanto que no caso de Bolsonaro a trama era para impedir a posse de Lula.

As coincidências, contudo, não param por aí. E elas vão tomar conta também do cenário eleitoral dos dois países. Ao ser condenado no caso da atriz pornô, Trump já é considerado um criminoso. Mesmo que a pena a ser pronunciada na terça-feira, dia 11 de julho, não seja a de prisão, uma vez que por ser primário e ter 77 anos ele poderá pegar uma pena mais leve, como ter que ser obrigado a portar uma tornozeleira eletrônica, Trump vai desmoralizar a democracia americana, a mais velha e exemplar do mundo. E será candidato assim mesmo, na condição, inclusive, de favorito. Bolsonaro, por sua vez, não poderá ser candidato em 2026, mas certamente lançará um candidato com seu apoio. Isso, sem contar, que em 2030 ele poderá voltar a disputar a presidência.

No caso de Bolsonaro, o quadro é mais complexo. Ele é acusado de ilícitos tão graves como os de Trump, mas aqui o cenário de ter que cumprir um bom tempo atrás das grades é muito mais factível. Afinal, ele já foi indiciado pela PF no caso da falsificação do atestado das vacinas e deve ser denunciado à PGR por uma série de outros crimes gravíssimos, como articular um golpe de Estado, que o STF certamente não deixará de punir com a máxima rigidez. Em suma, eles são farinha do mesmo saco.