A guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciou, neste sábado (1º), que vai indenizar materialmente as vítimas do conflito armado no país, no âmbito do acordo de paz firmado com o governo Juan Manuel Santos para pôr fim a 52 anos de conflito interno.

“Conforme o estabelecido no acordo final, procederemos à reparação material das vítimas, no marco das medidas de reparação integral”, confirmou o grupo rebelde, em um comunicado.

Na última segunda-feira (26), em Cartagena, governo e Farc firmaram um acordo de paz que ainda precisa ser aprovado pela população, no plebiscito que acontece neste domingo (2), para entrar em vigor.

A declaração dos bens será feita durante o processo de entrega de armas dos rebeldes. Eles terão até 180 dias para seu desarmamento, a partir de 26 de setembro, data da assinatura do acordo final.

Para a indenização, os insurgentes vão “declarar perante o governo os recursos monetários e não monetários que vieram compondo nossa economia de guerra”, completou o texto.

No comunicado, as Farc afirmam que, “por razões de ética política”, os recursos a serem inventariados “nunca fizeram, nem fazem parte de patrimônios individuais”.

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“As Farc-EP declaram, a partir de agora mesmo, que não contam com recursos monetários, nem não monetários adicionais, aos que vão ser declarados durante o processo de entrega de armas”, acrescentou.

Um dos principais pedidos de vários setores da sociedade colombiana, a indenização às vítimas foi estabelecida no acordo de paz e inclui atos simbólicos e indenizações materiais. Até agora, as Farc negavam ter os recursos econômicos para fazer isso. A alegação é que eram destinados ao funcionamento do aparato militar da guerrilha.

Missão da ONU na Colômbia

Em nota divulgada neste sábado, a missão da ONU na Colômbia informou que “verificou hoje a destruição de 620 kg de explosivos, detonadores, granadas para morteiros por parte das Farc-EP”.

“As Farc-EP detonaram os explosivos de maneira voluntária às 13h30 (horário de Brasília) de hoje (sábado), de acordo com os padrões internacionais de segurança”, acrescentou a organização.

A missão da ONU detalhou que a destruição de explosivos se deu “nas planícies do Yarí, na mesma área da X Conferência Guerrilheira, sob o acompanhamento dos especialistas e dos observadores internacionais”.

Nessa conferência guerrilheira, celebrada entre 17 e 23 de setembro passado, as Farc aprovaram os acordos.

A ONU deve enviar à Colômbia uma missão integrada com 450 observadores militares, desarmados e, em sua maioria, procedentes de países latino-americanos. Eles terão a incumbência de verificar o desarmamento de 5.765 guerrilheiros e supervisionar o cessar-fogo.

Entre outras tarefas, a missão das Nações Unidas ajuda a preparar o mecanismo tripartite (ONU, governo e Farc) que se encarregará do monitoramento, além de apoiar a implantação das zonas de concentração dos guerrilheiros.


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