Julián Gallo, um dos principais comandantes das FARC, admitiu nesta sexta-feira (18) perante um tribunal de paz o recrutamento de menores e casos de assédio sexual na ex-guerrilha colombiana.

Também conhecido como Carlos Lozada, o agora senador reconheceu que adolescentes menores de 15 anos lutaram entre os rebeldes, embora negue que o recrutamento de crianças tenha sido uma “política” das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

“Isso está consignado em vários documentos internos (…) Não havia informações específicas sobre em quais unidades, em quais áreas e em quais regiões esse fenômeno estava ocorrendo. Mas é claro que ocorreu”, acrescentou.

Em 2016, a guerrilha mais poderosa da América do Sul assinou um acordo de paz depois de meio século de luta fracassada pelo poder. O acordo prevê verdade e reparação para as vítimas do conflito em troca de que os ex-guerrilheiros recebam penas alternativas à prisão e possam exercer a política.

Segundo o dirigente, no grupo ao qual pertencia, conhecido como Comando Oriental, os oficiais chamaram a atenção para essas violações das “políticas de entrada” na luta armada, que estabeleciam a idade mínima de 15 anos, três a menos do que a maioria reconhecia legalmente.

Aos 59 anos, o ex-integrante destacou que com a expansão da guerrilha ocorreram também casos de assédio sexual.

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“À medida que aumenta a presença de mulheres nas fileiras guerrilheiras, começaram a surgir problemas que ocorrem nas relações comuns entre homens e mulheres: situações de assédio, principalmente de comandantes por terem favores sexuais, todo esse tipo de situações nos foram apresentadas”, declarou.

As audiências sobre o recrutamento de menores nas FARC começaram há um mês, mas a de Gallo foi a primeira a tornar-se pública.

Os ex-guerrilheiros devem confessar seus crimes diante do tribunal e indenizar suas vítimas, sob pena de serem condenados a até 20 anos de prisão.

A Jurisdição Especial pela Paz recebeu relatórios preliminares que mostram cerca de 8.000 casos de recrutamento de menores no conflito dos guerrilheiros com o Estado e com os paramilitares da extrema-direita.

Gallo é um dos dez membros das FARC a ocupar uma cadeira no Congresso desde os acordos que desarmaram cerca de 7.000 ex-guerrilheiros.


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