ELE VOLTOU Fabrício Queiroz: extrovertido, alegre e todo falante (Crédito:Divulgação)

Fantasmas, assombrosos fantasmas, rondam o presidente Jair Bolsonaro (PL) – até aí, o problema é dele; o muito ruim é que rondam também a todos nós, brasileiros. A sua ex-mulher Ana Cristina Siqueira Valle é um exemplo dos tantos espectros que agora perambulam. Ela é servidora comissionada na Câmara dos Deputados, onde atua como secretária parlamentar embora nem sempre seja vista por lá. Mas na campanha segue firme, como mostram as redes sociais. Foi o que aconteceu no início desse mês. Ana cumpriu agenda com Alexandre Baldy, pré-candidato ao Senado por Goiás. Já a ex de Bolsonaro se lança às urnas tentando ser eleita deputada distrital pelo PP, partido do ministro Ciro Nogueira e do presidente da Câmara, Arthur Lira. Se como servidora Ana Cristina parece não tão empenhada, dá para imaginar como poderá ser pífia sua atuação na hipótese de ser eleita.

No seu perfil nas redes sociais, ela apresenta-se como Cristina Bolsonaro (é fantasma que não desencarna do mandatário porque acha que o sobrenome lhe rende votos) e se descreve como “político”. Está sempre sorridente e veste camiseta com a bandeira do Brasil. Não há menção a seu cargo de assessora pelo qual recebe R$ 8 mil mensais no gabinete da Liderança do PL na Câmara, e a própria adoção do sobrenome Bolsonaro também é nebulosa: ela passou a assinar como membro do clã só depois da separaçao. em 2018,, quando tentou em vão uma vaga na Câmara dos Deputados. Ana Cristina, aliás, também tem um fantasma para chamar de seu, já que um ex-empregado da família, Marcelo Luiz Nogueira dos Santos, de vez em quando reaparece para infernizá-la com histórias de rachadinhas – que ela com certeza conhece bem para ter domicílio eleitoral que permita a corrida pela Câmara Distrital, a ex saiu de um apartamento de 70 metros quadrados em Resende, no Rio de janeiro, e passou a residir em Brasília com o filho, Jair Renan, em uma mansão avaliada em R$ 3,2 milhões. Domicílio eleitoral no Brasil é assim mesmo, feito acampamento: o candidato vai mudando se o local não mais lhe interessar.

BANDEIRA Leo Índio: na vida pública pelas mãos de Valdemar Costa Neto (Crédito:Divulgação)

Espectros e justiça

Leonardo Rodrigues de Jesus, conhecido por Leo Índio, é figura notória. E, é claro, também tem cargo público: “auxiliar parlamentar júnior”, no Senado, com salário mensal de R$ 5,7 mil. Está em campanha porque almeja se tornar deputado federal pelo Distrito Federal. Leo Índio ingressou nos meios políticos pelas mãos de Valdemar Costa Neto — parlamentar que dispensa apresentação, mas vamos lá: trata-se do deputado federal que em 2013 renunciou após ser condenado à prisão por corrupção no Mensalão. Dia desses, Leo Índio publicou em seu perfil que se reunira “com a nossa deputada federal e também presidente do PL do DF, Flavia Arruda”. O assunto: eleições. Já que se está falando de fantasmas, nada mais cabível do que a pergunta envolvendo outro nome nacionalmente conhecido. Cadê Fabrício Queiroz? Eis aí mais uma misteriosa figura do entorno de Bolsonaro. Eis aí mais um candidato. Eis aí mais uma assombração.

Ele ressurgiu das sombras bastante extrovertido, alegre e todo falante, depois de um longo período em que permaneceu no ostracismo (leia-se escondido) numa casa na cidade paulista de Atibaia, pertencente a Frederick Wassef, advogado dos Bolsonaro. Depois de ganhar fama como gerente da rachadinha de toda a turma do presidente, Queiroz agora quer ingressar na política pelo PTB de Roberto Jefferson, outra estrela do Mensalão. “Nosso partido é a fortaleza dos excluídos e caluniados que são contrários a Bolsonaro”, diz Liliam Sá, presidente da ala feminina do PTB, no Rio de Janeiro. Há, no entanto, outro forte motivo para que parte dessa fantasmaiada esteja em campanha em plena luz do dia: cargo eletivo protege da Justiça devido o foro especial por prerrogativa de função.