Famosos apoiam youtuber que denunciou conta de influencer por exploração de menores

Denúncia sobre sexualização de menores na internet mobiliza artistas, autoridades e gera pressão por mudanças na legislação digital

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Desde a última semana, as redes sociais têm sido palco de um intenso debate sobre a sexualização precoce de crianças e adolescentes na internet. A discussão ganhou força após a publicação do vídeo “Adultização” no canal do YouTube de Felipe Bressanim Pereira, de 27 anos, conhecido como Felca. Com duração de cerca de 50 minutos, a produção denuncia a criação e divulgação de conteúdos envolvendo menores e aponta o influenciador Hytalo Santos como alguém que estaria lucrando com a exposição de adolescentes.

O material viralizou rapidamente, ultrapassando 27 milhões de visualizações e gerando inúmeros cortes, comentários e análises de internautas e outros criadores de conteúdo. Entre as personalidades que se manifestaram, está a cantora Claudia Leitte, mãe de três filhos — Davi (15 anos), Rafael (13 anos) e Bela (5 anos) —, que utilizou suas redes para apoiar Felca. Em um vídeo publicado nos stories do Instagram, ela contou que assistiu à denúncia e alertou sobre a importância de pais e responsáveis monitorarem a presença digital de crianças e adolescentes.

“Não basta pedir proteção; é preciso agir com firmeza. Nós somos os guardiões dessas crianças, e há predadores prontos para se aproximar. Precisamos ser radicais na proteção”, declarou a artista, ressaltando que criminosos virtuais costumam usar estratégias sofisticadas para conquistar a confiança dos mais jovens.

A autora de novelas Gloria Perez também se posicionou, destacando que o vídeo expõe de forma direta a rede de pedofilia e exploração infantil existente na web. Já a deputada federal Erika Hilton (PSOL) agradeceu ao youtuber pela investigação, informou ter acionado a Polícia Federal para reforçar o alerta sobre os perfis denunciados e afirmou que entrou com medidas judiciais contra as próprias plataformas.

O caso Hytalo Santos

O influenciador Hytalo Santos já estava sob investigação do Ministério Público da Paraíba (MPPB) desde 2024. A repercussão do vídeo de Felca reacendeu as discussões sobre segurança digital e a responsabilidade das redes sociais na prevenção de crimes contra menores, justamente no ano em que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 35 anos.

Após as denúncias, o Instagram desativou tanto a conta de Hytalo, que possuía cerca de 17 milhões de seguidores, quanto a de Kamylinha, adolescente de 17 anos ligada ao grupo “Turma do Hylato”. Ela é peça central nas acusações: aos 16 anos, foi emancipada, realizou implantes de silicone e, em maio deste ano, anunciou estar grávida do irmão mais novo de Hytalo, Hyago Santos. Poucos dias depois, divulgou ter sofrido um aborto espontâneo.

O caso segue em apuração pelo MPPB e já há movimentações para que seja debatido na Câmara dos Deputados. De acordo com o jornal O Globo, oito projetos de lei sobre exploração de menores na internet foram protocolados desde que o vídeo viralizou.

Quem é Felca?

Natural de Londrina (PR) e morando atualmente em São Paulo, Felipe iniciou sua trajetória digital em 2012 como streamer de games. Com o tempo, migrou para os populares vídeos de react, nos quais comenta produções de terceiros ou testa produtos.

Um de seus maiores êxitos foi em maio de 2023, quando um vídeo seu sobre uma base de maquiagem da marca Wepink, da influenciadora Virgínia, ultrapassou 20 milhões de visualizações, consolidando sua relevância na internet. Hoje, Felca acumula mais de 5,4 milhões de inscritos no YouTube e 14,5 milhões de seguidores no Instagram. Antes do vídeo sobre exploração infantil, já havia chamado atenção ao comentar a CPI das Bets.