O União Brasil, criado a partir da fusão do DEM com o PSL, tem cara de novo, mas está repleto de práticas da velha política. Com Luciano Bivar presidente e ACM Neto secretário-geral, a nova legenda terá R$ 500 milhões para gastar nas eleições e esse dinheiro público será controlado pelo braço direito de Bivar, Antônio de Rueda, vice-presidente que tomará conta do caixa. Ele é uma figura que atua nas sombras e enriqueceu, sobretudo, depois que passou a cuidar das finanças do PSL. Colocou dois irmãos na Executiva: Maria Emília será a tesoureira e Fábio, suplente. Já Bivar nomeou o filho Cristiano como um dos vice-presidentes. A ACM Neto caberá o comando político: encheu a Executiva com fiéis seguidores, como Ronaldo Caiado, Agripino Maia, Heráclito Fortes e Pauderney Avelino, entre outros.

Processos

Bivar pretende usar o poder de presidir a maior agremiação para limpar a ficha. Ele foi indiciado pela PF por crimes como apropriação indébita e associação criminosa, após ter se valido de “laranjas” na eleição de 2018. Ele nega que as mulheres candidatas, e consideradas “fantasmas”, tenham sido usadas para desviar dinheiro do fundo eleitoral.

Candidatos

Tanto ACM Neto como Bivar entendem que o União Brasil, com 81 deputados, entrará no jogo da sucessão e já tem três pré-candidatos: Mandetta, Pacheco e Datena. O problema é que a legenda é integrada por 30 deputados ligados a Bolsonaro e que devem segui-lo quando ele fizer a opção partidária para disputar a reeleição — possivelmente o PP.

Disputa no par ou ímpar

Cleverson Oliveira/Mcom

Os ministros Fábio Faria (Comunicações) e Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional) enfrentam uma briga fratricida por uma vaga no Senado pelo Rio Grande do Norte em 2022. Como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, um deles terá que ceder. Antes, haviam combinado que um disputaria o Senado e o outro, o governo, mas agora ambos querem a mesma coisa. Bolsonaro aconselha que resolvam no par ou ímpar.

Retrato falado

“É só barulho
e vai aumentar com a proximidade das eleições” (Crédito:Mateus Bonomi )

Paulo Guedes tem sofrido críticas por conta do descontrole da economia, inclusive do Centrão, mas as pressões atingiram níveis insuportáveis após ser pego com uma conta no Caribe. Irritado, disse num evento no Itaú que não há nada de ilegal nisso. Para ele, o está havendo é só muito “barulho”, como parte da proximidade das eleições. Pode ser, mas com a inflação nas alturas, desemprego recorde e gás de cozinha a R$ 130, está difícil convencer Bolsonaro
a mantê-lo no cargo.

A ameaça ao Real

A economia, certamente, será o pano de fundo do debate eleitoral. Levará quem apresentar alternativas para resolver a crise. O PT de Dilma nos mergulhou em uma recessão histórica e a gestão de Bolsonaro nos empurrou para um ciclo de más notícias que pode destruir o Plano Real, responsável pela estabilidade da moeda. A volta do fantasma inflacionário patrocinada pela atual equipe econômica é o maior entrave à retomada do desenvolvimento. Assim, quando a inflação atingiu, em setembro, a marca de 10,25%, retomando os índices de fevereiro de 2016 (10,36%) do fracasso petista, um sinal se acendeu: somente o próximo presidente vai nos tirar da ameaça de novo caos econômico?

Custo da energia

Desta vez, contudo, não são apenas os exorbitantes aumentos da gasolina e gás de cozinha que estão jogando a inflação nas nuvens. Devido à ineficiente política energética, a conta de luz foi a vilã, com uma alta de 6,47% só em setembro ou 28,82% desde o início do ano. E, de quebra, poderemos ter apagões.

Toma lá dá cá

José Anibal, senador do PSDB-SP (Crédito: Jefferson Rudy)

Bolsonaro pode dar um golpe contra as instituições democráticas?
Não. As ameaças de Bolsonaro foram totalmente rejeitadas ou derrotadas. Ele está perdido nos seus labirintos. Não governa, não tem rumo.

É necessária a abertura de um processo de impeachment?
Grande parte da população quer o impeachment. Não suporta o desgoverno atual, com os brasileiros sem salário ou renda, a carestia tirando comida da mesa e a economia parada.

Um candidato da terceira via pode acabar com a polarização entre Lula e Bolsonaro?
Bolsonaro está derretendo. As forças políticas e sociais, que não se identificam com a polarização, serão capazes de construir uma primeira via para disputar e vencer as eleições de 2022.

A derrota de Lula

O ex-presidente Lula perdeu mais uma ação que moveu contra a ISTOÉ. O TJ de São Paulo confirmou a sentença da 1ª instância de São Bernardo do Campo e decidiu que a revista não cometeu abuso ao publicar entrevista com uma fonte que gozava de proximidade com a empreiteira Camargo Corrêa e que afirmou ter levado uma mala de dinheiro ao petista.

Indenização

O título da reportagem de capa foi: “Levei mala de dinheiro para Lula”. Como o ex-presidente reivindicava uma indenização de R$ 1 milhão, alegando supostos danos morais, o tribunal considerou que ele terá que pagar à revista uma multa de R$ 150 mil (15% do valor da causa). A ISTOÉ foi representada pelo advogado Alexandre Fidalgo.

Nasce uma estrela

Divulgação

Causou alvoroço a insatisfação de Tomás Covas, 16, filho do prefeito Bruno Covas, morto em maio, com o ingresso da deputada Joice Hasselmann no PSDB. Ela precisou marcar um almoço com o jovem para esclarecer as críticas que fez ao pai dele na campanha para prefeito de 2020. Paz selada, está claro que surge a estrela de um novo tucaninho na política.

Rápidas

* João Doria fará, no próximo dia 22, sua primeira viagem internacional após a pandemia, para divulgar as ações de sua gestão. Ele visitará a Expo 2020, em Dubai, onde a InvestSP, do governo paulista, ocupará o pavilhão brasileiro para atrair novos empreendimentos para o Estado.

* Marcelo Ramos, vice da Câmara, está deixando em polvorosa o Centrão. Sempre que Lira viaja e ele assume a presidência, Bolsonaro sofre alguma derrota no Congresso. Lira viaja em novembro outra vez (Portugal).

* A política de Guedes está afugentando o capital externo. Com a piora dos indicadores em setembro, os investidores estrangeiros tiraram R$ 4,8 bilhões da B3. O risco fiscal e político só vai melhorar depois das eleições.

* Onde há fumaça há fogo. Depois da recusa de Alcolumbre em marcar a sabatina com André Mendonça para a vaga no STF, começam a surgir nomes alternativos, como o de Alexandre Cordeiro de Macedo, presidente do Cade.