Familiares de franceses desaparecidos durante a ditadura na Argentina urgiram, nesta quinta-feira (7), ao presidente francês, Emmanuel Macron, para “não esquecer” seus casos e transmitir ao seu contraparte argentino, Javier Milei, sua “preocupação” com a suposta libertação de um repressor.
“As famílias [estão] preocupadas que a justiça possa ficar sob suspeita e que [Alfredo] Astiz, em particular, possa ser posto em liberdade. Isto é o que queriam transmitir sobretudo a Macron”, disse à AFP Alberto Marquardt, após o encontro, em Paris, com conselheiros do presidente, que está em viagem à Hungria.
A preocupação aumentou em julho, quando seis deputados do partido governista argentino visitaram Astiz e outros repressores condenados por crimes contra a humanidade no presídio de Ezeiza, na província de Buenos Aires.
Em mensagem pelo Whatsapp que a imprensa local atribuiu ao deputado Beltrán Benedit, que participou da comitiva, o político considerava que se tratou de uma “visita humanitária” a “ex-combatentes que travaram batalhas contra a subversão marxista”.
Sobre Astiz, ex-capitão de 72 anos, pesam duas sentenças de prisão perpétua na Argentina por crimes contra a humanidade durante a ditadura militar (1976-1983), entre eles os crimes contra as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon.
Na França, ele também foi condenado, à revelia, à prisão perpétua em 1990 pelo desaparecimento das duas mulheres.
Os familiares dos desaparecidos pediram por carta, em outubro passado, que se organizasse a reunião para pedir a Macron que mantenha a tradição de vigilância de Paris plasmada em uma frase proferida em 1994, em Buenos Aires, pelo então chanceler francês, Alain Juppé: “A França não esquece”.
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