“Medo” e “desespero total”: o choque após o ataque mortal de sexta-feira a uma sala de concertos em Moscou transformou-se em uma noite de espera agonizante para as famílias das vítimas, sem notícias sobre os seus entes queridos.

Na noite de sexta-feira, centenas de fãs reuniram-se para assistir a um show do grupo de rock Piknik, mas minutos antes do início do espetáculo, indivíduos armados entraram na sala e desencadearam o caos.

Pelo menos 115 pessoas morreram, de acordo com o último balanço provisório do Comitê de Investigação Russo.

“Estou completamente apavorado, sinto que todo o meu corpo dói”, lamentou Semion Khraptsov, cuja esposa estava no show e lhe telefonou no momento do ataque, sem que ele conseguisse compreender o que ela dizia.

“Vim assim que soube o que aconteceu”, acrescentou o homem de 33 anos, que admitiu sentir-se impotente. “Não sei o que fazer, é um desespero total”.

Pouco antes, vídeos publicados em canais do Telegram considerados próximos às forças de segurança mostravam pelo menos dois homens armados avançando em direção à sala e outros vídeos mostravam corpos e pessoas correndo em direção à saída.

Igor Bogodaiev, de 30 anos, também esperava um sinal de vida da esposa, cujo telefone está desligado.

“Estou com medo”, declarou ele. “Não sei o que fazer”, acrescentou, dizendo que os seus amigos tentaram em vão obter informações sobre a sua esposa nos hospitais.

– “Muitos gritos” –

O Kremlin anunciou neste sábado que prendeu 11 pessoas, incluindo quatro agressores vinculados ao ataque, reivindicado pelo grupo jihadista Estado Islâmico.

O ataque ocorreu no Crocus City Hall, localizado em Krasnogorsk, na saída noroeste de Moscou. O local abriga uma das principais casas de show de Moscou.

“Pouco antes do início do show, de repente ouvimos várias rajadas de metralhadora e o grito terrível de uma mulher. E depois muitos gritos”, disse à AFP Alexei, produtor musical que estava nos camarins no momento do ataque.

“Apenas três ou quatro rajadas no início, depois mais algumas”, acrescentou.

Dos camarins observou o pânico dos espectadores. “As pessoas corriam para o palco, um movimento terrível da multidão”.

Junto com outras pessoas no local, ele se “entrincheirou” antes de procurar uma maneira de sair rapidamente. No caminho ele diz ter visto “fumaça e cinzas” em uma das salas, antes de chegar à saída.

Na manhã deste sábado, os bombeiros haviam controlado quase completamente o grande incêndio que eclodiu após o ataque, segundo as autoridades.

A Comissão de Investigação indicou que os supostos agressores usaram “líquido inflamável” para incendiar o edifício.

No terreno, um jornalista da AFP viu vários policiais patrulhando a área e inúmeros veículos dos serviços de emergência, cujas luzes iluminavam a noite.

Entretanto, os trabalhos continuaram na manhã deste sábado para “resgatar pessoas do telhado do edifício”, indicou o Ministério de Situações de Emergência, depois de anunciar que uma centena de pessoas foram retiradas do porão do local.

O grupo EI assumiu a responsabilidade pelo ataque na noite de sexta-feira. Não é a primeira vez que o movimento jihadista ataca a Rússia.

Unidades da Guarda Nacional russa “estão procurando os criminosos”, segundo as autoridades.

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