Várias pessoas próximas do líder da oposição russa Alexei Navalny foram detidas nesta quinta-feira (28), antes de um tribunal examinar um recurso sobre sua detenção e a poucos dias de novas manifestações previstas para acontecer em todo país.

O irmão do opositor, Oleg Navalny, e Liubov Sóbol, sua aliada e figura emergente do movimento de oposição, foram detidos por 48 horas, acusados de “violarem as normas sanitárias” impostas pela pandemia da covid-19, segundo a equipe de Navalny.

“Oleg Navalny acaba de ser detido por 48 horas no departamento principal de investigação do Ministério do Interior (…) Isso significa que ele agora é um suspeito neste caso”, tuitou um estreito colaborador de Navalny, Ivan Zhdánov.

O advogado de Sóbol, Vladimir Voronin, denunciou no Twitter “um completo delírio e arbitrariedade”.

Maria Aliokhina, membro do grupo de protesto Pussy Riot, também foi detida por 48 horas pelo mesmo motivo, afirmou sua companheira Nadezhda Tolokónnikova no Instagram.

Anastasia Vasilieva, chefe de um sindicato de médicos parcialmente ligado a Navalny, sofreu o mesmo destino, segundo Zhdánov, assim como outros colaboradores do opositor do Kremlin.

Um vídeo divulgado pela imprensa e nas redes sociais mostrava Vasilieva tocando piano em sua casa, enquanto os investigadores revistavam seu apartamento.

– Chamados para protestos –

Essas detenções acontecem no momento em que um tribunal deve examinar, nesta quinta-feira, o recurso de Alexei Navalny contra sua prisão, há mais de uma semana. Este ativista anticorrupção e inimigo declarado do Kremlin é objeto de vários processos judiciais.

As buscas na quarta-feira tiveram como alvo a casa de sua esposa, Yulia, de seu irmão Oleg e de sua porta-voz Kira Yarmysh, condenada na sexta passada a nove dias de prisão, bem como as instalações de sua organização, o Fundo de Luta contra a Corrupção.

As residências, ou dependências, vinculadas a Navalny foram alvos de revistas diversas vezes nos últimos anos e por diversos motivos. Sua equipe denuncia assédio judicial por motivos políticos.

Segundo Zhdanov, as batidas fazem parte de uma investigação por violação das “normas sanitárias” em vigor, devido à pandemia de coronavírus, durante as manifestações da oposição ocorridas no sábado na Rússia.

O Ministério do Interior garantiu que os organizadores dos protestos, que não foram autorizados e resultaram em quase 3.900 prisões, “criaram uma ameaça de disseminação do coronavírus”.

As autoridades abriram cerca de 20 investigações, em particular por chamados a distúrbios, violência contra a polícia, ou incitação de menores a cometerem atos ilegais.

O órgão de monitoramento do setor de Telecomunicações Roskomnadzor anunciou que multaria as redes sociais em até 4 milhões de rublos (US$ 63.500) por não apagarem as convocações incitando os menores a irem às ruas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, defendeu, nesta quinta-feira, que as forças da ordem “estão fazendo seu trabalho” e enfatizou que “houve várias violações da lei” nos protestos de sábado.

Os apoiadores de Navalny convocaram novos protestos para o domingo e esperam aproveitar o sucesso de uma investigação da oposição sobre um suposto palácio de Putin às margens do Mar Negro.