Familiares de vítimas da ditadura de Augusto Pinochet no Chile apresentaram, nesta quarta-feira (11), uma ação penal para responsabilizar seus ministros como cúmplices do regime – até agora fora do alcance da Justiça.

“Acabamos de apresentar uma ação criminosa contra cada um dos que ocuparam cargos de ministros nos 17 anos de ditadura (…), porque em 17 anos de ditadura o extermínio não foi praticado apenas pelos agentes dos aparatos repressivos”, disse a presidente do Grupo de Familiares de Detidos-Desaparecidos (AFDD), Lorena Pizarro, no dia em que se completam 46 anos do golpe de Estado que derrubou o governo do socialista Salvador Allende.

Como todos os anos, organizações de esquerda lembraram as mais de 3.200 vítimas do regime de Pinochet (1973-1990), morto em 2010, aos 91 anos.

Membros do Grupo marcharam até o palácio presidencial de La Moneda, bombardeado por ar e terra pelas forças golpistas em 11 de setembro de 1973, para exigir conhecer o paradeiro dos mais de mil presos políticos que permanecem desaparecidos.

Em mais de quatro décadas, somente cerca de 100 foram encontrados. Não há pistas dos demais, já que a maioria foi lançada ao mar, ou teve seus corpos dinamitados.

Por outro lado, no jornal El Mercurio, um texto assinado por 60 pessoas, afirma que “o 11 de setembro de 1973 salvou o Chile de ser hoje a Venezuela”, expondo uma série de dados e declarações históricas. O texto foi amplamente replicado nas redes sociais.

“A vergonha e o nojo pela inserção do El Mercurio, equivale a que um grupo de nazistas na Alemanha publicasse em um veículo de comunicação a justificativa e a relativização da shoa, o holocausto dos judeus europeus. O Mercurio como sempre disponível para a indecência política”, disse a deputada do Partido Comunista e conhecida ativista de Direitos Humanos, Carmen Hertz, cujo marido, o jornalista Carlos Berguer, foi executado em 1973.

O presidente conservador Sebastián Piñera fez uma breve declaração de imprensa pedindo a reflexão e a unidade.