Quase 100 pessoas formam fila para comprar um tanque de oxigênio que permita manter com vida seus parentes infectados com o novo coronavírus. Alguns chegaram logo após o fim do toque de recolher imposto no Peru e esperam sua vez com paciência.

“Estamos na fila para conseguir um pouco de oxigênio, porque precisamos de oxigênio diário para um paciente, um familiar em estado delicado”, diz à AFP Guillermo Arias, 53 anos, na cidade portuária de Callao, perto de Lima.

No mesmo horário, na porta do Hospital “Dos de Mayo”, em Lima, familiares de pacientes em estado grave por COVID-19 também tentam conseguir oxigênio para os entes queridos.

“As pessoas não têm oxigênio dentro (do hospital). Eu tive que comprar dois tanques de oxigênio para levar até meu pai no hospital”, explicou à AFP Olga Bravo, de 44 anos.

O oxigênio se tornou um produto em falta no Peru, devido à pandemia.

O governo anunciou que vai importar dos países vizinhos e pediu o apoio de empresas de mineração e metalúrgicas, que utilizam o oxigênio em fundições.

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O Seguro Social de Saúde (Essalud), que administra 400 hospitais e consultórios, calcula que a demanda de oxigênio multiplicou por cinco.

A escassez foi percebida em um primeiro momento nos hospitais da Amazônia peruana, mas o problema rapidamente chegou a Lima e Callao, onde vivem 10 milhões dos 33 milhões de habitantes do país.

Os preços aumentaram: “Antes custava 30 sóis (nove dólares) o metro cúbico, agora custa 60 (18 dólares). Como fazemos? Se as pessoas não têm oxigênio, elas morrem”, questionou Jorge Contreras, parente de um paciente.

Segundo país da América Latina em número de contágios de COVID-19, atrás apenas do Brasil, o Peru superou na quarta-feira 178.000 casos confirmados, com mais de 4.800 mortes, de acordo com o balanço oficial.

Os hospitais peruanos têm mais de 10.100 pacientes com coronavírus, o que deixa o sistema de saúde à beira do colapso.

Para enfrentar a falta de oxigênio, o Colégio Médico do Peru propôs ao governo recorrer às metalúrgicas e empresas de mineração para conseguir tanques vazios para o reabastecimento do elemento essencial para manter com vida os pacientes com graves problemas respiratórios provocados pela COVID-19.

“A falta de oxigênio é um risco latente em várias regiões, não apenas em Lima”, afirmou à AFP o diretor do Colégio Médico na região de Chiclayo (norte), Manuel Soria.

“Os pacientes de coronavírus têm o oxigênio que (geralmente) é reservado aos pacientes em estado grave que passam por cirurgias de alto risco. São cinco vezes mais. É uma hiperinflação, porque os pacientes precisam de oxigênio de altíssimo fluxo”, explicou o porta-voz do Essalud, César Chaname.

O governo prometeu criar um programa para garantir o abastecimento.

“Vamos implementar um plano. Assim como fizemos com os medicamentos (em maio para garantir a oferta e impedir aumentos de preços), vamos fazer também com o oxigênio”, afirmou o ministro da Saúde, Víctor Zamora.


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