Familiares de um grupo de adolescentes detidos durante as manifestações que eclodiram após as eleições na Venezuela pediram, nesta segunda-feira (21), ao Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, que intervenha junto ao Estado para solicitar sua “libertação imediata”.

“Solicitamos respeitosamente a intervenção do Unicef para garantir a liberação imediata das crianças e adolescentes que se encontram detidos arbitrariamente e em condições que desrespeitam seus direitos humanos”, diz um documento entregue por uma dúzia de familiares na sede do Unicef em Caracas.

Dos 164 adolescentes presos após a questionada reeleição do presidente Nicolás Maduro no dia 28 de julho, 68 continuam detidos, com acusações de “terrorismo” e “incitação ao ódio”.

As manifestações da oposição deixaram 27 mortos, dois deles militares, e mais de 2.400 detidos.

Os pais, que afirmam que a seus filhos foi negada a defesa privada e o acesso aos processos, denunciam que os detidos foram vítimas de “maus-tratos”, para forçá-los a declarar que haviam sido “contratados” pela oposição, que denuncia fraude eleitoral.

“Não há nada que os incrimine”, disse Katherine Martínez, mãe de uma jovem de 17 anos detida em Valência (centro) após enviar em um grupo de WhatsApp mensagens e memes sobre a situação política.

“Senhor presidente: tenha piedade, por favor (…) Você também é pai, tenha compaixão por essas crianças que você sabe que não são terroristas”, pediu Martínez.

Os familiares também pediram a autorização para a visita de uma equipe do Unicef às prisões para constatar as condições de reclusão e oferecer atendimento médico e psicológico.

“Que por favor nos ajudem, que se mobilizem, já que todos os direitos dos adolescentes foram violados”, indicou Nérida Ruíz, mãe de um jovem de 16 anos detido em Caracas após o saque de um estabelecimento de motocicletas durante as manifestações. Ela nega a participação de seu filho no incidente.

Maduro foi proclamado reeleito para um terceiro período consecutivo (2025-2031) pelo Conselho Nacional Eleitoral, que ainda não publicou uma apuração detalhada, como estabelece a lei.

A oposição reivindica, por sua vez, a vitória de Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha.

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