Família ucraniana se refugia em colônia israelense na Cisjordânia ocupada

Família ucraniana se refugia em colônia israelense na Cisjordânia ocupada

Depois de fugir de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, atacada por tropas russas no início da invasão, Olena e Eduard German, um casal judeu, encontraram refúgio em um assentamento israelense no território palestino da Cisjordânia ocupada.

Seis meses depois do início da guerra, esta família tenta reconstruir sua vida em uma nova casa decorada com a bandeira israelense no assentamento de Maale Adumim, uma colônia ilegal de aproximadamente 42.000 pessoas.

Este assentamento está entre Jerusalém e o mar Morto e é ilegal, segundo o direito internacional.

A invasão russa lançada em 24 de fevereiro gerou o maior êxodo de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, deixando cerca de 6,8 milhões de ucranianos registrados como deslocados no continente, segundo os últimos dados da ONU.

Israel recebeu mais de 30.000 ucranianos, incluindo 12.000 judeus ucranianos que realizaram o “Aliá”, uma forma de imigração que oferece cidadania automática às pessoas com origens judaicas.

O casal era acadêmico em seu país e conta a angústia da viagem aterrorizante para fugir de Kharkiv, que fica bem perto da fronteira com a Rússia, dirigindo por dois dias até Lviv, um lugar relativamente seguro no oeste.

“Por favor, não olhem pelas janelas, guardem as boas lembranças” de Kharkiv, Olena disse a seus três filhos quando seu comboio, organizado por associações judaicas, deixou a cidade.

De Lviv chegaram a Budapeste com a ajuda de organizações beneficentes, onde se reuniram com representantes de organizações israelenses que os ajudaram em seu “Aliá”.

No início se alojaram em Nof Hagalil, no norte de Israel, mas a família estava determinada a se instalar na Judeia e Samaria, que é o termo bíblico para a Cisjordânia, onde encontraram um lugar em um assentamento de colonos.

– Vida “significativa” na Cisjordânia –

Pouco depois da invasão russa, o Conselho Yesha, que reúne organizações que representam os 475.000 israelenses que vivem na Cisjordânia, foi um dos grupos israelenses que enviou equipes para países que fazem fronteira com a Ucrânia, fornecendo informações, serviços e ajuda.

E tinham algo mais: a oferta de um novo lar para os judeus ucranianos.

“Para quem quer fazer o ‘Aliá’, oferecemos a opção de morar aqui”, disse à AFP o diretor deste conselho, Yigal Dilmoni.

“Se você mora aqui, na terra da Bíblia, isso torna sua ‘Aliá’ para Israel mais significativa”, disse ele, referindo-se à Cisjordânia.

Segundo Dilmoni, cerca de 60 famílias ucranianas, incluindo os Germans, emigraram para a Cisjordânia desde o início da crise dos refugiados.

Para Dianna Buttu, uma advogada palestina de direitos humanos, os ucranianos são usados como “peões” em “detrimento” dos palestinos.

“Esses ucranianos fogem da ocupação, fogem da guerra, mas são pressionados a se tornarem criminosos de guerra”, disse à AFP Dianna Buttu, que defende uma resposta humanitária não oportunista.