A família do senador Fernando Bezerra Coelho chamou a atenção pela doação eleitoral recebida pelos seus três filhos candidatos nestas eleições: Miguel Coelho, candidato a governador; Fernando Bezerra Coelho Filho, candidato a deputado federal; e Antônio Coelho, candidato a deputado estadual. Em comum entre eles está a prestação de contas. Os três confirmam que receberam doação de Emival Ramos Caiado Filho, fundador do grupo Rialma, e que foi vencedor de leilões da Aneel na época em que o ministro das Minas e Energia, do governo Temer, era Fernando Bezerra Coelho Filho. Juntos, os três receberam R$ 600 mil, divididos entre eles. Esse é mais um caso, no mínimo curioso, em que as empresas são proibidas de financiar políticos, mas seus sócios o fazem abertamente.

Jatinho

E isso não é tudo. No dia 27 de setembro de 2019, o deputado Fernando Bezerra Filho tinha acabado de ser alvo de uma ação da PF e chegava apressado para embarcar em um jatinho particular que o esperava em um hangar de uma pista clandestina, a 35 quilômetros de Brasília. O dono do avião, por mera coincidência, era Emival Ramos Caiado Filho.

Incoerência

Fernando Bezerra Coelho não tem lá muita coerência em sua vida pública. Já traiu Lula e Dilma, de quem foi ministro da Integração Regional, e até o PSB de Eduardo Campos, que ajudou a elegê-lo senador. Mais recentemente traiu Bolsonaro, de quem foi líder no governo, e que agora lhe vira as costas: seu filho Miguel não pede votos para o capitão.

Punhalada nas costas

Adriano Machado

Nos bastidores do União Brasil, a maioria vê como “indefinido”o futuro do partido no segundo turno. A tendência é que fique longe do mandatário. Soraya Thronicke tem sido mais ácida em relação ao capitão do que a Lula, e Luciano Bivar ainda não engoliu a saída dos bolsonaristas do PSL. ACM Neto também não esqueceu a punhalada nas costas que levou do presidente quando ele nomeou João Roma para o ministério.

Retrato falado

Zé Carlos Barretta

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Júnior, disse ao “Estadão” que a democracia está consolidada e que ele não vê nenhum risco para o processo eleitoral. Ele acredita que a transição será pacífica. Para que o País continue crescendo e atraia novos investimentos, no entanto, o banqueiro diz esperar que o futuro presidente acate alguns pilares.“Respeito aos contratos, disciplina fiscal, simplificação tributária e redução das desigualdades”, disse.

Toma lá dá cá

Rubens Cury, secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de SP (Crédito:Divulgação)

Por que o Governo do Estado decidiu investir em infraestrutura nos municípios paulistas?
Estamos aplicando este ano R$ 2,4 bilhões em obras nos municípios como parte de uma gestão responsável desde 2019. SP colhe agora os frutos da seriedade na aplicação dos recursos públicos e das reformas promovidas.

O que isso significa?
O Estado assumiu a dianteira na retomada econômica no País e cresceu cinco vezes mais que o Brasil. Temos o maior programa de asfaltamento de estradas vicinais da história: são 11,5 mil quilômetros de asfalto.

De que forma isso ajuda o País a sair da crise?
Estima-se que somente as obras de infraestrutura da Secretaria de Desenvolvimento Regional gerem mais de 30 mil empregos em 2022.

Uma mão lava a outra

Ex-sócio da OAS, Carlos Alberto Suarez, o “rei do gás”, doou R$ 500 mil para o Republicanos, integrante do tripé bolsonarista, que usará o dinheiro na campanha eleitoral deste ano. A generosidade ocorre num momento oportuno. Afinal, o caixa das campanhas do entorno do capitão está quase zerado. O empresário articula junto ao Centrão, bloco fisiológico do qual o partido faz parte, a aprovação de uma proposta que pavimente a construção de uma rede de gasodutos no país. A medida, em negociação, seria incluída como uma compensação ao projeto de lei 414/2021, que prevê a modernização do setor elétrico e está em debate numa comissão especial instalada na Câmara.

Jabutis

Na verdade, esse é mais um jabuti que a bancada de apoio do governo na Câmara está colocando no projeto de modernização do setor elétrico para poder levar alguma vantagem na aprovação de um conjunto de medidas para reduzir o preço da eletricidade: a construção de gasodutos sempre é boa moeda de troca.

A hora da virada

Aliados de Rodrigo Garcia crêem que Tarcísio de Freitas crescerá, no máximo, até 25% das intenções de voto. O teto é o que vai possibilitar a “virada” do governador na reta final da campanha. Para eles, porém, a diferença entre os dois será muito pequena, similar à vantagem de João Doria sobre Márcio França no segundo turno de 2018 (3,5%).

PABLO JACOB

Apoio dos prefeitos

O tucanato aposta na guinada de Garcia pela soma de alguns fatores. Por exemplo, boa parte dos paulistas ainda não escolheu seu candidato — pesquisas internas apontam que, na região metropolitana, cerca de 70% da população não decidiu em quem votar —, a avaliação positiva do governo vem crescendo e o apoio em massa de prefeitos tende a pesar.

Candidata VIP

Divulgação

Filha de Eduardo Cunha, Dani Cunha é um nome VIP no União Brasil. A publicitária, que busca uma cadeira na Câmara pelo Rio, foi a única a receber do partido a mesma quantia de dinheiro que os deputados que concorrem à reeleição: R$ 2 milhões. Os demais 39 candidatos embolsaram valores bem mais singelos, entre R$ 30 mil e R$ 1,2 milhão. Em 2018, ela recebeu apenas 13.424 votos.

Rápidas

* O Brasil de Bolsonaro retrocedeu em todos os campos das melhorias sociais. A última notícia ruim veio do PNUD, órgão da ONU, que acaba de divulgar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): ficamos em 87º lugar, entre 191 países, com 0,754, o mesmo patamar de 2014.

* Bolsonaro é um grande pé frio. Nenhum candidato que apoia para governador lidera as pesquisas nos Estados. O pior desempenho é de Carlos Viana, em Minas Gerais, que tem 2% (Zema lidera com 47% e Kalil tem 31%).

* Em Pernambuco, Marília Arraes, com 38% nas pesquisas, está atropelando tanto o candidato de Lula (Danilo Cabral, com 12%), como o de Bolsonaro (Anderson Ferreira, com 13%). Se der segundo turno, será entre Marília e Raquel Lira.

* Já que o governo arrombou os cofres e acabou com o teto de gastos, os funcionários públicos estão se mobilizando para conquistar aumentos salariais de 9% no ano que vem: Bolsonaro separou R$ 11,6 bi para dar 5%.