O apresentador Fausto Silva, o Faustão, foi passou por uma embolização nesta semana, por falta de resposta do rim transplantado no último dia 26 de fevereiro. Ele segue internado, e sem previsão de alta, no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo.

À ISTOÉ Gente, o médico Francisco Cesar Carnevale, Chefe do Serviço de Radiologia Vascular Intervencionista do Hospital Sírio-Libanês diz que o hospital é referência em embolização. “É o ato cirúrgico de bloquear (parcial ou totalmente) a passagem de um fluido, que pode ser sangue arterial, venoso ou linfático, dentro do corpo humano. Trata-se de uma técnica minimamente invasiva, guiada por imagem, que pode ser indicada para diversos tratamentos”, explica.

A técnica, considerada precisa, é indicada para alguma situação clínica que possa estar dificultando o funcionamento de algum órgão como, por exemplo, o rim. “Pode ser realizada com anestesia local, geral ou sedação. Para realizar a embolização, injetam-se microesferas, micropartículas, um plugue metálico ou até um tipo de cola. São agentes embolizantes inofensivos ao organismo”, detalha o médico.

Elias David Neto, nefrologista do Hospital Sírio-Libanês, esclarece que o rim de um doador falecido, na maioria dos casos, demora em média sete a 10 dias para começar a funcionar. Contudo, no caso de Faustão, o transplante anterior, de coração, realizado em agosto de 2023, também contribui para um maior tempo de resposta do órgão.

“Quando há um transplante de coração prévio, existem outros fatores que podem fazer o rim demorar mais para funcionar e cada caso precisa ser avaliado. No Brasil, 50% a 60% dos rins levam esse tempo médio para voltar a funcionar normalmente”, informa Elias.

A decisão para submeter o paciente a uma embolização é concluída quando se entende que a fístula arteriovenosa (ligação anormal entre uma artéria e uma veia) está dificultando o funcionamento do rim. A indicação para o tratamento depende de uma série de fatores, mas tende a ser a melhor alternativa.

O transplante de rim

O transplante de rim é uma opção de tratamento aos pacientes que sofrem de doença renal crônica avançada, como aconteceu com Faustão. A técnica cirúrgica consiste em implantar o enxerto habitualmente em fossa ilíaca (uma divisão da superfície da parede abdominal).

“Ao contrário do que muitos acreditam, o rim doente não é retirado. O novo órgão é implantado em uma região inferior, mais próximo da bexiga”, esclarece Laila Almeida Viana, nefrologista do Hospital São Luiz Itaim, da Rede D’Or.

A especialista lista três pontos importantes sobre o transplante de rim.

  • Dissecção das estruturas com ligadura dos vasos. No entanto, mesmo nos casos que se acumula essa linfática, na maioria das vezes não é um problema técnico.
  • Anastomoses (ligações) vasculares: considerada a parte mais importante do transplante. As anastomoses vasculares devem ser amplas e o rim deve ser posicionado de modo que não haja tensão ou dobra dos vasos, para se evitar a trombose, a complicação mais temida. 
  • Anastomose do ureter na bexiga. Essencial fazer a correta sutura para ligação entre os órgãos, a fim de evitar o extravasamento de urina.