Há alguns meses, as farmácias e as drogarias do País convivem com a falta ou o baixo estoque de determinados medicamentos, o que dificulta a obtenção de remédios por parte da população. Segundo informações da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), 65% das cidades brasileiros tem sofrido com a falta de fármacos ao longo de 2022.

Empresário do ramo farmacêutico, Junior Ribeiro explica que houve uma confluência de fatores para o desabastecimento de determinados remédios neste ano.

“Em primeiro lugar, a indústria farmacêutica brasileira é muito dependente de insumos externos, principalmente provenientes da China e da Índia”, diz. “Como se precisa importar diversas matérias-primas, os preços desses insumos e, consequentemente, dos produtos variam conforme o dólar. Isso encarece os remédios no Brasil”, segue.

Além disso, segundo o empresário, a carga tributária sobre medicamentos no Brasil é muito alta, girando em torno de 33% do valor total. A média mundial é de 6%. Em países como França e Estados Unidos, é ainda mais baixa (3%).

“A guerra na Ucrânia pressionou o dólar e a China tem implementado uma política de covid zero, que impede as fábricas e os portos de funcionarem. Junte a alta carga tributária a esses fatores e você tem uma explosão nos preços”, ressalta o profissional.

Contudo, na maior parte dos casos, o problema para obtenção dos medicamentos não é a alta dos preços, mas a falta dos fármacos nas prateleiras.

Ribeiro esclarece que, como o preço dos remédios é controlado por lei no Brasil, os valores não sobem imediatamente como acontece com outros bens e serviços. No entanto, ao impedir os preços de subirem, os produtos, em um período de crise mundial, acabam não chegando aqui.

“Como os insumos ficaram muito mais caros, as empresas não lucram ao vender pelo preço tabelado. Em outras palavras, se o custo de produzir é mais alto do que o valor da venda, não vale a pena ofertar o produto no mercado”, destaca. “Além do mais, muitos insumos são direcionados a países em que não há ou o controle de preços é mais flexível, de modo que os ofertantes conseguem manejar as taxas de lucro”, complementa.

Falta de remédios: Empresário do ramo farmacêutico Junior Ribeiro comenta sobre o problema no Brasil
Empresário do ramo farmacêutico Junior Ribeiro (Crédito:Divulgação)