Falta de franqueza de Trump sobre Covid custou vidas, diz Fauci

WASHINGTON, 22 JAN (ANSA) – O infectologista Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), afirmou nesta sexta-feira (22) que a “falta de franqueza” e “falta de ciência” do governo de Donald Trump na resposta à pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) “muito provavelmente” resultou em mais mortes no país.   

“Quando você está em uma crise, com o número de casos e hospitalizações e mortes que tivemos, quando você começa a falar sobre coisas que não fazem sentido médico e cientificamente, isso claramente não ajuda”, disse o especialista em entrevista à CNN.   

Ao ser questionado pelo jornalista John Berman se a falta de franqueza do governo Trump no ano passado e a falta de fatos, em alguns casos, custou vidas, Fauci respondeu: “Sabe, muito provavelmente sim”.   

O infectologista alertou que “não ajuda” quando “você está começando a trilhar caminhos que não são baseados em nenhuma ciência”. Ele ainda acrescentou que não deseja reformular as maneiras pelas quais o governo Trump se afastou da ciência.   

Fauci é conhecido como um dos principais especialista em infectologia do país e foi o “rosto” científico do comitê criado por Donald Trump para lidar com a crise sanitária. O médico ainda acabou ficando mais famoso por conta das constantes críticas do republicano às regras de prevenção mais restritivas defendidas pelo infectologista.   

Falando à imprensa na quinta-feira (21) após reunião na Casa Branca, o americano admitiu que ficou “desconfortável” quando o então presidente dos EUA promoveu a hidroxicloroquina como tratamento para Covid-19, sem base em fatos, e disse que “não sente nenhum prazer em estar em uma situação de contradição com o presidente”.   

Para ele, é um “sentimento libertador” poder dizer a verdade científica sobre o novo coronavírus sem medo das “repercussões”.   

Por fim, Fauci ressaltou que a abordagem do governo de Joe Biden para lidar com a pandemia será “completamente transparente, aberta e honesta” com a população americana. “Se as coisas derem errado, não apontar o dedo, mas corrigi-las. E fazer com que tudo o que fizermos seja baseado na ciência e nas evidências”, finalizou. (ANSA)