A primeira partida do Fluminense na Libertadores depois de oito anos, um empate por 1 a 1 contra o River Plate, deixou uma série de lições importantes ao Tricolor, mas principalmente um gosto de que a equipe pode render mais do que vinha mostrando até aqui na temporada. O fator negativo que carrega o maior peso é a falta de experiência, que quase custou o ganho de pontos no Maracanã. O que mudou este cenário foi justamente o ponto alto da noite: Juan Cazares.

> ATUAÇÕES: Cazares é o grande destaque do Fluminense no empate com o River Plate pela Libertadores

Um dos reforços para a temporada, o equatoriano foi eleito pela Conmebol o melhor em campo. O desenrolar da partida mostrou que não era noite para Nene, que pouco fez enquanto esteve na partida. Se o primeiro tempo acabou sendo complicado, Roger Machado entendeu rápido na segunda etapa que precisava ter mais controle do meio e viu no reforço a possibilidade de qualificar suas transições. Deu certo em oito minutos e, assim, se abre uma boa oportunidade para a continuidade do Flu na temporada.

De acordo com o “SofaScore”, o meio-campista teve, em 32 minutos, uma assistência e acertou 12 dos 14 passes tentados (86%). Além disso, deu três passes decisivos, três cruzamentos e o mesmo números de bolas longas. O atleta, ex-Corinthians e Atlético-MG, finalizou duas vezes e exigiu uma defesa difícil do goleiro Armani.

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Além disso, o jogador mostrou já ter recuperado o entrosamento com Fred. Na jogada do gol do centroavante, Cazares foi inteligente ao esperar o atleta fazer o tradicional ‘facão’ e, de três dedos, deu um passe decisivo para o camisa 9. Entrosamento esse que se dá de tempos de Atlético-MG, quando o jogador era acostumado a servir Fred e deixa-lo ‘na cara do gol’, como dito hoje, por ele mesmo, em entrevista pós-jogo.

Mas não só da parte positiva e do gostinho de que dava para sair com a vitória sobre o time semifinalista nos últimos quatro anos foi feita esta partida. Como já era de se esperar, a ansiedade pesou para boa parte do elenco do Fluminense. Quem mais sofreu no primeiro tempo foi Yago Felipe, errando passes que dificilmente faz, inclusive o que resultou no primeiro gol do jogo, também com a ansiedade do goleiro Marcos Felipe ao fazer falta boba e desnecessária em Borré na área.

Outros dois jogadores que não fizeram uma partida abaixo, foram Egídio e Martinelli. No caso do lateral, a habitual insegurança na saída de jogo e as coberturas afoitas na parte defensiva, fizeram com que o jogador errasse a maioria das jogadas que tentou.

Já Martinelli, provavelmente fez seu pior jogo em 2021. Sem nenhum erro crasso, o jovem não conseguiu ajudar Nenê na articulação das jogadas e, consequentemente, na primeira etapa isso fez com que o Tricolor tivesse um pouco mais de dificuldade para criar lances de perigo. Contudo, nenhum dos fatos citados acima passam de um nervosismo normal, para um jovem de 19 anos que fez, até então, sua estreia na Libertadores.

PONTAS LIGADOS

Se no meio campo Cazares dominou a partida, enquanto estiveram em campo, Luiz Henrique e Kayky foram essenciais para a verticalidade do Tricolor. O primeiro, começou o jogo um pouco ansioso e apresentou dificuldade para jogar de costas para a marcação. Porém, no decorrer do tempo, se achou, conseguiu buscar jogadas de profundidade e mostrou um belo repertório de dribles curtos, prosseguidos de uma aceleração difícil de acompanhar.

Entretanto, embora tenha saído no início do segundo tempo, na outra ponta era Kayky quem dava as rédeas do ataque. Aos 17 anos, o garoto segue demonstrando uma personalidade invejável e, assim, repetiu os lances individuais que já havia apresentando contra Macaé, Nova Iguaçu e Botafogo. No entanto, sempre é bom lembrar: o adversário da vez era o todo poderoso River Plate, o que levanta mais ainda a moral do jogador.

Já classificado no Campeonato Carioca, o Fluminense terá uma semana para se preparar para o próximo jogo, diante do Independiente Santa Fe, fora de casa, na quarta-feira. Até lá, Roger Machado terá mais tempo para integrar de vez os reforços e reorganizar não só a parte tática e física, mas principalmente a psicológica. O Tricolor carioca volta a campo neste domingo, às 11h05, contra o Madureira.