Capitão do pentacampeonato mundial (2002) e campeão também na Copa do Mundo de 1994, o ex-lateral Cafu conhece a seleção brasileira como poucos e está preocupado com o que está vendo no time comandado por Tite.

Com a experiência de defender por mais de uma década o time nacional, ele concedeu na semana passada uma entrevista exclusiva ao Estado, em Mônaco, onde participou da entrega do prêmio Laureus, o “Oscar” do esporte. O ex-jogador comentou sobre a seleção, sobre Neymar, a tragédia no CT do Flamengo, dentre outros assuntos.

Como um jogador tão vitorioso pela seleção brasileira tem visto o time comandado por Tite?

Creio que falta comprometimento para os jogadores da seleção. Talvez não tenha tanto comprometimento quanto tinha na nossa época. Antes, era algo impressionante. Você via nos treinamentos e na concentração o quanto todo mundo queria conquistar títulos, independentemente da conquista pessoal. Antes, éramos um time. Claro, tínhamos nossas referências e marcas, mas ninguém colocava isso à frente do time, para ser estrela. A gente queria ganhar.

De que forma você poderia ajudar a seleção?

Eu sempre falava nos treinamentos algo que os mais jovens deveriam ouvir também: ‘Se vocês soubessem como é bom ser campeão do mundo, vocês iriam querer ser campeões todo dia’. Quando digo que falta comprometimento, me refiro ao fato de que ganhar ou perder faz parte do futebol, mas a maneira com que os jogadores reagem às vitórias e derrotas mostra a falta de compromisso com o time.

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Concorda com a matéria da revista Placar, que colocou o Neymar como o maior jogador brasileiro pós-Pelé?

Bom, vou tentar explicar minha opinião para não parecer que quero diminuir o Neymar. Tivemos outros grandes jogadores e o Neymar já mostrou que é uma das maiores revelações que tivemos nos últimos 15 anos no futebol brasileiro. Ele é um dos melhores atletas do futebol mundial, mas em termos de conquista e tecnicamente eu não concordo em falar que ele é o melhor depois do Pelé. Tivemos grandíssimos jogadores neste período, melhores que o Neymar.

Ele é o principal jogador da seleção hoje?

Claro. Ele disputou uma boa Copa e a gente sempre quer ver o Neymar em campo, pois a chance de vitória com ele é sempre maior. Ele tem demonstrado mais amadurecimento a cada dia, para o bem dele, do Paris Saint-Germain e da seleção.

Na Europa, fala-se muito sobre Vinícius Junior e Lucas Paquetá. O que acha da dupla?

Vinícius é um jogador sensacional e que surpreendeu todo mundo. Acho que ele já mostrou que pode conseguir coisas grandes no Real Madrid. O Paquetá conseguiu conquistar o Gattuso (técnico do Milan) e é um jogador que tem conquistado espaço em pouco tempo e pode ser útil para a seleção.

O que pode dizer sobre a tragédia no CT do Flamengo?

Eu senti muito tudo isso, pois vivi em alojamento por dois anos e meio no São Paulo. A gente lamenta, porque eles tinham um sonho de dar uma vida melhor para a família e vimos tudo chegar ao fim com aquela tragédia. Não estou aqui para procurar culpado, mas vale um alerta para os dirigentes olharem com atenção para as categorias de base. Tudo isso, talvez, poderia ter sido evitado.


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