Jair Bolsonaro, o verdugo do Planalto, aconselha a população a se aglomerar, a não usar máscaras e a enfrentar o vírus de peito aberto, afinal, todos irão morrer algum dia. Porém, antes de morrer, há um troço chamado hospital, e lá, outro troço chamado UTI, e lá, mais um outro troço chamado intubação. Hoje, no Brasil, falta tudo isso, e oxigênio, também.

Quando contraiu Covid-19, acaso o devoto da cloroquina encontrou alguma dificuldade para ser atendido, medicado e monitorado? Fácil incentivar o suicídio coletivo dos outros quando há um aparato de proteção ao redor, não é mesmo? Essa mesma lógica vale para o ministro do STF, o ministro da Justiça e o Procurador Geral da República, todos bolsonaristas.

Confortavelmente instalados em sua Ilha da Fantasia, políticos e governantes legislam em causa e interesse próprios. Ou miram seus bolsos ou os votos que lhes garantem boa vida, bons salários e mordomias inimagináveis, custeados pelos otários aqui, que tombam como moscas velhas diante do descontrole da pandemia do novo coronavírus.

Se um dia faltasse hospital para essa gente ordinária, o que infelizmente jamais irá acontecer, talvez pensassem, ao menos por um segundo, no Brasil que existe fora de Brasília. Talvez, e só talvez, tivessem um mínimo de piedade e empatia, e, por que não?, de vergonha na cara, antes de tomar tudo para si e deixar apenas “raspas e restos” para a sociedade.

Será que Kássio Nunes Marques, André Mendonça, Augusto Aras e Jair Bolsonaro conhecem alguma UTI de Covid? Será que têm a mais vaga ideia do que passam médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde? Será que se tivessem de esperar em uma fila, por um pouco de oxigênio, ainda seriam capazes de ser tão mesquinhos assim, como são?

A resposta, claro, nunca iremos saber. Estes senhores e seus pares de Estado atuam livres, leves e soltos, pois perpetuam um sistema inquebrável de casta social onde eles, os barões da alta burocracia estatal têm tudo, e nós, a sociedade, nada. Daí, para nos distrair um pouco, abrem templos e igrejas e permitem alguma distração, como jogos de futebol.

O mais triste disso tudo é que, no Brasil, passados mais de mil e quinhentos após o fim do Império Romano, a política do “pão e circo” permanece não só atual, como altamente funcional e eficiente. Não temos imperador, é verdade. Mas temos, além de um presidente homicida, um verdadeiro “senado romano”. Leia-se: a corja dos Três Poderes.