A Polícia Civil do Distrito Federal deflagrou, na manhã desta quarta-feira, 20, a operação “Falso Profeta”, para o cumprimento de dois mandados de prisão preventiva e dezesseis mandados de busca e apreensão contra golpistas que prometiam lucro financeiro de um octilhão de reais.

O objetivo da operação é combater uma organização que atua na prática de estelionato e outros crimes na capital do País e em outros estados.

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Entre os suspeitos estão pastores evangélicos, que convenciam suas vítimas a investirem em falsas operações financeiras com promessa de rendimentos milionários. Segundo a polícia, os suspeitos invocavam uma teoria conspiratório chamada de “Nesara Gesara” para cativar as vítimas.

A polícia detectou, por exemplo, uma promessa em que a vítima, ao depositar R$ 25 em uma conta específica, poderia garantir um retorno financeiro de até um octilhão de reais, ou mesmo investir R$ 2 mil para garantir um rendimento de “350 bilhões de centilhões de euros”.

A investigação aponta que os suspeitos formam uma rede criminosa organizada, caracterizada pela divisão das tarefas e o cometimento de diversos crimes como falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e estelionatos por meio das redes sociais.

Ainda de acordo com a polícia, o golpe pode ser considerado um dos maiores já investigados no Brasil, uma vez que foram constatadas quase 50 mil vítimas.

A investigação, que já dura cerca de um ano, apurou que estão envolvidas lideranças evangélicas de relevância no País, que induziam e mantinham as vítimas, normalmente fiéis das igrejas frequentadas, a acreditar no falso discurso, já que eram pessoas escolhidas por Deus, diziam.

A polícia revelou, ainda, que os investigados constituíam pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada simulando ser instituições financeiras digitais (falsos bancos), com alto capital social declarado, através das quais as vítimas supostamente iriam receber suas fortunas.

A operação também desvendou, nas contas dos suspeitos, uma movimentação superior a R$ 156 milhões nos últimos cinco anos, além de quarenta empresas “fantasmas” e de fachada, e mais de oitocentas contas bancárias suspeitas.

Em dezembro de 2022, a Polícia Civil prendeu em Brasília um suspeito de envolvimento no esquema, após ele ter feito uso de documento falso em uma agência bancária localizada na Asa Sul, simulando possuir um crédito de aproximadamente R$ 17 bilhões.

“Nessa nova etapa da investigação, em que participaram cerca de cem policiais civis, foi realizado o cumprimento de mandados de busca e apreensão no Distrito Federal e quatro Estados – Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. Também são cumpridas medidas cautelares de bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e decisão judicial de proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais”, afirmou, em nota, a polícia.