A denunciante do Facebook, Frances Haugen, trouxe nesta terça-feira (5) informações sobre como funciona o gigante das redes sociais. Desde uma cultura de isolamento até o dano à imagem de adolescentes, Haugen relatou aos senadores dos Estados Unidos o que viu dentro da empresa.

Estes são alguns aspectos de destaque de seu depoimento:

– Facebook, o Frankenstein –

“Se você separar Facebook e Instagram, é provável que a maior parte do dinheiro publicitário vá para o Instagram e o Facebook continue sendo este Frankenstein […] que coloca vidas em risco em todo o mundo […] esses sistemas continuarão existindo e existindo, e serão perigosos, inclusive se forem separados”.

– Investigações da empresa –

“Acredito que é de vital importância que estabeleçamos mecanismos para que as investigações internas do Facebook sejam divulgadas ao público de forma regular”.

– Cultura insular –

“O Facebook tem uma cultura que enfatiza que o caminho a ser seguido é o isolamento, porque se a informação for compartilhada com o público, ela simplesmente será mal interpretada”.

– As mudanças não serão ruins –

“Muitas das mudanças das quais estou falando não farão com que o Facebook deixe de ser uma empresa rentável”, disse. “Simplesmente não será uma empresa ridiculamente rentável como é hoje”.

– Limite etário –

“Recomendo encarecidamente a elevação dos limites de idade para 16 ou 18 anos, com base na observação dos dados sobre uso problemático e vício na plataforma, e os problemas de autorregulação para crianças”, disse. Atualmente, o limite oficial para entrar no Facebook é de 13 anos.

– O Facebook precisa de ajuda –

“Você pode declarar a falência moral, pode admitir que fez algo ruim. E podemos seguir em frente”.

– Transtornos alimentares –

“Também quero enfatizar que os distúrbios alimentares são sérios, haverá mulheres caminhando por este planeta daqui 60 anos com ossos frágeis devido às decisões que o Facebook tomou hoje para privilegiar o lucro”.

– Os pais não entendem –

“O Facebook sabe que os pais de hoje, que […] nunca viveram esta experiência viciante com um pedaço de tecnologia, dão maus conselhos a seus filhos. Dizem coisas como: ‘Por que simplesmente não deixa de usá-la?'”

– Problemas estruturais –

“O Facebook criou uma organização em que a parte responsável pelo crescimento e a expansão da companhia está separada e não se mistura regularmente com a parte que se concentra nos danos que a empresa causou”.

– Mark Zuckerberg decide –

“No final, o dono da bola é o Mark [Zuckerberg]. Não existe ninguém atualmente a quem Mark preste contas, exceto a ele mesmo”.

– Doses de dopamina –

“O Facebook sabe que existem conteúdos que provocam uma reação extrema dos usuários e têm maiores chances de receber um clique, um comentário ou de ser compartilhado”, que “não necessariamente são benéficos ao usuário”, mas que são priorizados para que “ofereçam pequenas doses de dopamina para os seus amigos, o que faz com que eles continuem a produzir mais conteúdo”.