Chegou o momento em que ficou difícil distinguir se estamos conversando com uma pessoa ou com uma máquina. Ao telefone, nas redes sociais, nos aplicativos e em todo tipo de situação cotidiana, os robôs estão aptos a tratar sobre qualquer assunto, desde fornecer informações básicas, como para onde ir ou quanto pagar, até cobranças automáticas e relacionamentos afetivos. Estão diuturnamente conosco. A pesquisa e o desenvolvimento em inteligência artificial (IA) nos fez chegar ao ponto de caracterizar esse momento tecnológico como a 4º Revolução Industrial. Essa imensa transformação proporciona uma simbiose entre o homem e interfaces digitais que vão além da imaginação. E é um caminho sem volta. Segundo o Instituto Gartner, especializado em pesquisas de tecnologia, em 2020, o investimento em IA se converterá em uma das cinco prioridades de negócios para 30% das empresas no mundo.

Nas ciências da computação, no universo dos algoritmos, as máquinas aprendem sozinhas com os dados já existentes, estabelecem padrões e buscam resultados. Já podemos falar em reconhecimento facial muito acima da capacidade humana de identificar um rosto, por causa dos algoritmos. No varejo, as empresas criaram aplicativos e personagens virtuais que reconhecem textos, falas, gírias, interagem com o consumidor e estimulam as compras. A Magalu, robô do Magazine Luiza, já se tornou uma celebridade. Empresas aéreas, como a Gol, e bancos, como o Bradesco, apostam em atendentes eletrônicos. No campo e na cidade cresce a aplicação de inteligência em equipamentos e veículos autônomos. Na medicina, são colocados sensores acoplados a computadores para detectar ondas cerebrais em pessoas acamadas, imóveis e com dificuldade de fala, que podem indicar em que parte do corpo estão sentindo dor. Em casa, eletrodomésticos e outros aparatos do cotidiano estão conectados e resolvem problemas corriqueiros.

Na indústria, graças a sensores e computadores embutidos nos equipamentos, é possível digitalizar e compilar as informações de todo processo produtivo. Quanto aos trabalhadores, também há tecnologia para detectar emoções e prever comportamentos. A evolução parte de um equipamento parecido com um fone de ouvido, mas com componentes que permitem a captura de sinais, equivalentes aos do eletroencefalograma (EEG), que mostram o quanto a pessoa está concentrada, dispersa ou fatigada e enviam mensagens que alimentam uma base de dados que permite deslocar ou não esse funcionário.

Impacto no Trabalho

Para o engenheiro Manuel Cardoso, professor aposentado da Universidade Federal do Amazonas e CEO da empresa de tecnologia MapInnovation, essa nova tecnologia pode gerar bens e produtos novos, máquinas que a humanidade ainda não foi capaz de inventar. Com a ajuda da inteligência artificial é possível armazenar e processar todo conhecimento produzido até hoje. “O potencial é incalculável”, afirma. A Robótica de Processos (RPA) permite que empresas executem processos de negócios de 5 a 10 vezes mais rápido e com 37% menos recursos, em média. Este impacto positivo impulsiona a indústria e o setor de serviços e a estimativa é de que, até 2050, 80% das atividades humanas sejam automatizadas. Com a tecnologia disponível, 45% das tarefas podem ser realizadas por robôs e adequações no mundo do trabalho estão se impondo. Segundo Cardoso, surgirão outras profissões e muitas vão acabar. “Não devemos temer o futuro, mas realizá-lo a partir do presente”, diz. A médio e longo prazos, o Ministério da Educação tem papel estratégico para que o País possa se desenvolver com a velocidade necessária. A implementação de políticas públicas que melhorem o ensino, principalmente de matemática, é imprescindível. Os estudantes brasileiros pecam pela falta de conhecimentos básicos, como mostrou o último PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), referente a 2018. Sem matemática não há futuro. Algo precisa ser feito para que o Brasil não fique para trás nessa nova revolução industrial.