As eleições presidenciais na Venezuela podem ser programadas para o segundo semestre deste ano, de acordo com um rascunho do acordo proposto ao governo e à oposição pelos chanceleres facilitadores do diálogo.
“As eleições presidenciais se realizarão no segundo semestre de 2018”, afirma a primeira página do texto que Jorge Rodríguez, chefe negociador do governo de Nicolás Maduro, exibiu à imprensa em Santo Domingo.
Rodríguez não se referiu ao conteúdo do documento, datado de 2 de dezembro, mas afirmou: “Este é o rascunho do acordo e temos trabalhado duro e profundamente”.
Ele rejeitou a decisão da opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) de não participar das reuniões programadas para quinta e esta sexta-feira. Os delegados do governo viajaram para a República Dominicana e se encontraram com alguns facilitadores do diálogo.
O acordo, se aprovado na retomada dos contatos, descartaria o cenário levantado por analistas e opositores de um avanço nas eleições presidenciais – previstas para o final do ano – para o primeiro semestre, buscando aproveitar as divisões da MUD.
Ao mencionar as medidas que regem as eleições – no qual Maduro buscará a reeleição -, o documento propõe “a integração de um novo Conselho Nacional Eleitoral, até janeiro de 2018 (…) com 5 reitores, dois nomeados pelo governo, dois pela oposição e um por comum acordo”.
No entanto, nas anotações do texto mostrado por Rodríguez há uma contraproposta: “Designação dos dois reitores com o prazo expirado, de comum acordo”.
A MUD acusa quatro dos cinco reitores do Conselho Eleitoral de servir ao governo e de ter permitido processos fraudulentos nas últimas eleições para governadores, prefeitos e da Assembleia Nacional Constituinte.
Embora tenha assegurado que o rascunho foi praticamente acordado, acusou a MUD de “desculpas inúteis” para evitar as negociações e “boicotar” as eleições presidenciais.
A MUD se recusou a participar das reuniões de ontem e hoje porque os chanceleres do México e do Chile – seus convidados para o diálogo como facilitadores – não poderiam comparecer. Somente aqueles da Bolívia e Nicarágua, propostos pelo governo.
Além disso, os opositores apontaram as insinuações do governo de que os negociadores da MUD traíram o piloto Óscar Pérez, um ex-policial que se rebelou contra Maduro em 2017 e que foi morto em uma operação na última segunda-feira.