TECNOLOGIA Busto com projeções em 3D recebe os visitantes na entrada da mostra (Crédito:Divulgação)

vida e obra de uma das personalidades mais importantes da história da humanidade estarão ao alcance do público brasileiro a partir de fevereiro, em São Paulo. Cientista fundamental e pesquisador incansável, Louis Pasteur (1822-1895) é tema da exposição interativa “O Cientista”, que será aberta no próximo dia 6, no SESC Interlagos, localizado na zona sul da capital paulista, depois de fazer grande sucesso na França. O Brasil é o segundo país a receber a mostra, que ficou exposta de dezembro de 2017 a agosto de 2018, no Palais de la Découverte, em Paris.

EXPERIMENTOS Pasteur foi pioneiro no uso do microscópio, ao investigar levedos, vibriões e glóbulos. Os estudos serviram de base para o que hoje conhecemos como microbiologia. Em 1885, o cientista aplicou, pela primeira vez, a vacina contra raiva em seres humanos

Os organizadores da exposição priorizaram o Brasil para ser palco da primeira apresentação fora da França por causa das relações que o cientista desenvolveu com o País. O imperador brasileiro Dom Pedro II, o conheceu em Paris e fez de tudo para trazê-lo ao Rio, sem sucesso, para que ele pudesse desenvolver suas pesquisas nos Institutos brasileiros Vital Brasil e Oswaldo Cruz, que na época já eram pioneiros em matéria de estudos sobre vacinas e doenças infecciosas que assustavam a população. Pasteur desenvolvia suas pesquisas para o desenvolvimento de vacinas usando animais como cobaias, especialmente galinhas e carneiros. Ganhou fama internacional ao inventar a vacina contra a raiva. Por isso, a exposição apresenta um cenário de fazenda, com jogos interativos e filmes que contam a evolução da produção de vacinas no mundo.

Depois dos testes em animais, o cientista foi pioneiro na aplicação de vacinas em seres humanos. Pela primeira vez, em 1885, Pasteur fez a aplicação de uma vacina para curar Joseph Meister, um menino de 9 anos, que estava infectado com a doença da raiva. Depois de 10 dias recebendo a aplicação de 13 doses da vacina, aplicadas no abdômen do garoto, a doença foi controlada e a criança, curada. “Na França, é possível ser anarquista, comunista ou niilista, mas não ‘ante-Louis Pasteur’, como escreveu o ginecologista Auguste Lutaud”, explica Paola Minoprio, diretora da Plataforma Cientifica Pasteur da USP.

Pasteurização

Além da vacina, o cientista francês foi responsável por avanços também na área da alimentação. Como professor da Universidade de Lille, deu início aos estudos para a obtenção do álcool da beterraba. Durante a pesquisa, constatou que a substância encontrada na raiz permitia a transformação de açúcar em álcool. Depois da beterraba, ele estudou bebidas como o vinho e a cerveja, e descobriu que pequenos organismos vivos, as levaduras, eram responsáveis pelo gosto amargo. Ao esquentar o líquido a uma temperatura de 60 graus, Pasteur entendeu que o gosto ruim desaparecia, assim como todos os microorganismos prejudiciais. Criou-se, então, a pasteurização. Sem Pasteur não existiria leite de caixinha, por exemplo. “Depois da explosão de suas descobertas um mundo novo se abriu. Sem ele não teríamos a prevenção de doenças”, diz Paola.
Por isso, na mostra estarão exibidos os trabalhos que levaram o cientista a criar o sistema de pasteurização, utilizado até hoje na conservação de alimentos, e que mudou a forma como fabricantes de derivados de leite cuidavam de seus produtos. “Sua contribuição para a humanidade é enorme. Pasteur desenvolveu a base do que conhecemos como microbiologia, refutou a teoria da geração espontânea, muito em voga até meados do século 19 e iniciou os estudos sobre as vacinas e a imunologia”, lembra Máxime Schwartz, ex-diretor geral do Instituto Pasteur.