Facebook e Google, “áreas sem direitos humanos” no Vietnã, diz Anisita

Facebook e Google, "áreas sem direitos humanos" no Vietnã, diz Anisita

O Facebook e o Google estão se tornando “áreas sem direitos humanos” no Vietnã, alertou nesta terça-feira (1º) a Anistia Internacional, que acusa os gigantes tecnológicos de ajudar a censurar a oposição pacífica e as liberdades políticas no país.

A Anistia afirma que, embora tenham sido “uma vez a grande esperança para o aumento da liberdade de expressão no país, as plataformas de mídia social estão rapidamente se tornando áreas sem direitos humanos”.

O ministro da Informação do Vietnã, Nguyen Manh Hung, afirmou no mês passado que as empresas de tecnologia estavam cumprindo as exigências para suprimir “notícias falsas, propaganda contra o Partido e o Estado”, segundo um meio de comunicação público.

O mesmo artigo afirma que neste ano o Facebook atendeu a 95% das demandas do governo e o YouTube a 90%.

O Vietnã, um país comunista, há muito tempo prende dissidentes e, nos últimos anos, tem sido criticado por atacar usuários do Facebook, uma rede social popular entre ativistas neste país onde a mídia independente é proibida.

A rede social reconheceu este ano que bloqueia conteúdos considerados ilegais pelas autoridades.

A ONG Amnistia Internacional afirmou em relatório publicado nesta terça-feira que recolheu testemunhos de 11 ativistas cujas publicações foram proibidas pelo Facebook no Vietnã este ano.

A organização de direitos humanos disse que outras três pessoas sofreram censuras semelhante no YouTube, de propriedade do Google.

Uma delas, Nguyen Van Trang, que fugiu de um mandado de prisão no Vietnã por sua participação em um grupo pró-democracia, disse que o Facebook restringiu a visibilidade de todas as suas postagens sobre o secretário-geral do Partido Comunista, Nguyen Phu Trong, e sobre alto funcionário do governo Tran Quoc Vuong.

Trang também afirma que algumas de suas postagens no YouTube sobre tópicos polêmicos, como o conflito de terras, são inacessíveis no Vietnã.

“Estou com raiva”, revelou à AFP. “Para os ativistas, essas plataformas desempenham um papel importante em influenciar as pessoas em valores progressistas como democracia, direitos humanos e sociedade civil”, explicou.

Um porta-voz do Facebook disse à AFP que a plataforma trabalha para defender a liberdade de expressão no mundo.

“Nos últimos meses, tivemos pressão adicional do governo vietnamita para limitar mais conteúdo, mas faremos o possível para garantir que nossos serviços permaneçam acessíveis, para que a população possa continuar a se expressar”, afirmou.

O Google e as autoridades vietnamitas não responderam às perguntas da AFP.