15/09/2021 - 15:14
Salvador Dalí (1904-1989) foi um dos artistas mais famosos de todos os tempos e destacava-se por ser versátil, irreverente, chamativo, questionador e egocêntrico. Para a coluna de hoje preparei uma brincadeira. Faça o teste para ver se você é mais genial ou maluco que Dalí:
– Você consegue não pagar a conta do restaurante? Em jantares com amigos, em restaurantes sofisticados com vinhos especiais, Salvador Dalí gostava de se oferecer para pagar a conta. Rabiscava um desenho qualquer no verso do cheque e colocava os donos dos estabelecimentos em uma situação complicada: deveriam compensar o cheque que pagava a refeição ou guardar o desenho como uma relíquia artística? Todos os cheques com desenhos de Dalí foram guardados pelos restaurantes e hoje realmente valem uma verdadeira fortuna.
– Já vendeu seu bigode por 10 mil dólares? Dalí gostava de dinheiro muito mais do que seus colegas artistas. Sempre foi ganancioso e, por isso, aproveitava todas as oportunidades possíveis para se promover e lucrar com sua imagem. Chegou a mandar um pedaço de grama seca para enganar Yoko Ono, que ofereceu 10 mil dólares por seu bigode arrebitado, sua marca registrada e que desafiava a gravidade.
– Costuma assumir altos riscos? Dalí produziu durante décadas muitas pinturas, esculturas, gravuras, objetos, joias e até filmes com Luis Buñuel e Alfred Hitchcock. Sua obra foi visionária e o posicionou como o artista surrealista mais importante do mundo, dando início a uma nova geração de expressão imaginativa. Na sua arte, na sua vida pessoal e até em seus empreendimentos profissionais, ele sempre assumiu grandes riscos. Jogava tudo para o alto e entrava de cabeça em projetos que muitas vezes pareciam não ter futuro. Quando emplacava um projeto novo, rapidamente saia gastando o que ganhou. Para ele, a vida não podia ter limites. É assim com você?
– Você viaja nas suas ideias? Muitos tentaram encontrar a lógica por trás das ideias de Dalí. Alguns acreditavam que sua pintura expressava seus sonhos e alucinações, explorando seus mais profundos desejos eróticos, assim como fetiches, morte, símbolos religiosos e decadência. O fato é que parte de sua inspiração vinha de momentos de supetão. Sentava-se em uma cadeira e tentava dormir. Quando caía no sono, uma colher mal equilibrada caía no prato, fazendo um barulho alto o suficiente para acordá-lo com condições de desenhar as imagens surreais que via em seus próprios sonhos. Fazia também instalações surreais como “Dalí Atômico”, desenvolvida em conjunto com o famoso fotógrafo Philippe Halsman. Dalí, sua mobília e diversos gatos ficaram suspensos no ar por fios de nylon enquanto uma corrente de água entrava na cena. Porém, a ideia não foi simples de ser executada e teve que ser refeita por 28 vezes. Atualmente, certamente seria condenado por maus tratos a animais.
– Seu irmão, já falecido, tem o seu nome? A mãe de Dalí teve um outro bebê antes dele, mas o menino morreu por causa de uma infecção no estômago. Essa criança também se chamava Salvador Dalí e o artista era considerado pelos pais como a reencarnação do falecido irmão. Com isso, cresceu em um ambiente paranoico e absolutamente estranho, que misturava dor e prazer. Prova disso é que muitas vezes machucou outras crianças sem nenhum arrependimento ou advertência dos pais.
– Você é rebelde? Dalí não aceitava regras. Sua rebeldia fez com que fosse expulso de todos os centros de ensino nos quais se matriculou, entre eles a Academia Real de Belas Artes de São Fernando, em Madri. Nisso ele parece meus colegas de infância (risos!).
– Olha um espelho assim que abre os olhos? Dalí instalou na frente de sua cama um espelho para refletir os primeiros raios de sol do dia, mas seus críticos indicavam que esse hábito era para ele simplesmente ver sua imagem antes mesmo de sair da cama. Dalí ironizava, sem nenhum pingo de vergonha: “a cada manhã, quando acordo, sinto novamente um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí”.
– É obcecado por sua esposa? Mesmo sendo um artista extremamente seguro em suas opiniões, tinha seu ponto fraco. O amor de sua vida foi Gala (Elena Ivanovna Diakonova), uma mulher que era casada com o poeta surrealista francês Paul Eluard quando se conheceram em 1929. Ela era dez anos mais velha e foi muito mais do que uma simples musa. Dalí era absolutamente obcecado por Gala, a ponto de concordar em manter um casamento aberto. A cada novo projeto que conquistava, gastava verdadeiras fortunas com presentes extravagantes para tentar chamar sua atenção. Ela faleceu antes de Dalí, deixando-o em profunda depressão nos últimos anos de vida.
– Você acha legal um relógio mole, que dissolve? Seus relógios moles foram uma de suas marcas registradas. Dalí criou muitas obras com relógios e uma das mais emblemáticas é “A Persistência da Memória”, produzida em 1931, quando tinha apenas 27 anos.
– É fascinado por carros? Desde que foi inventado, o carro apareceu na arte do século 20 como um símbolo de modernidade, juventude, energia, força, ousadia, movimento, progresso e inovação. Com Dalí, não foi diferente. Era fascinado por carros e chegou até a fazer uma propaganda em uma época que ele sequer sabia dirigir. Para ele, o automóvel fazia o mundo evoluir. Ao contrário da maioria dos artistas surrealistas, Dalí frequentemente retratava o carro em suas obras, a exemplo de Banhista (1924), Cadillac-Rainy Taxi ou Girls from Figueres (1926), na qual aparece a palavra “Ford”. Ele foi além do mero registro da imagem ao dar múltiplos significados para o automóvel, bem no seu estilo crítico-paranoico, chegando até a associar com materiais fósseis. Dois automóveis aparecem também em uma de suas últimas obras: Vitória Dupla de Gaudí (1982). Na época, comentou que “as metáforas mais perfeitas e precisas chegam até nós cunhadas e apresentadas objetivamente pela indústria”.
– Já recheou um Rolls Royce com couve-flor? Dalí tinha algumas manias inacreditáveis e uma vontade imensa de chamar atenção. Certa vez, ele preencheu o interior de um Rolls Royce com couve-flor. Isso mesmo! Como se bastasse isso, chamou a Imprensa para ver sua ‘nova obra de arte’ e declarou: “tudo sai do chifre do rinoceronte. Tudo parte de The Lacemaker, de Jan Vermeer. Tudo acaba na couve-flor”. Por que couve-flor? Segundo ele, o alimento tinha uma “curva logarítmica” que ele adorava.
– É egocêntrico? Sem dúvida, Dalí foi um dos expoentes mundiais da arte contemporânea, mas sua excentricidade era usada por ele para chamar a atenção de todos. Para ganhar destaque nas manchetes e manter seu nome em relevância, chegava até a criar Fake News. Dizia: ‘Se algum dia eu morrer —embora seja improvável—, espero que as pessoas digam: Dalí morreu, mas não inteiramente’. Risos!
Se você respondeu sim para 4 ou mais dessas perguntas, não perca tempo e conheça melhor o extenso trabalho de Salvador Dalí clicando nos links de museus como The Dalí Museum (nos Estados Unidos), Dalí Theatre-Museum (Espanha) e Dalí Paris (França). Se desejar saber mais sobre um artista ou se tiver uma boa história sobre arte para me contar, aguardo contato pelo Instagram Keka Consiglio, Facebook ou Twitter.