A fabricante britânica de microchips Arm, filial da japonesa SoftBank, espera uma valorização de até 52 bilhões de dólares (cerca de R$ 260 bilhões) com a sua entrada na bolsa de Nova York, segundo documentos publicados nesta terça-feira (5).

A Arm espera arrecadar entre 4,5 e 5,2 bilhões de dólares (entre R$ 23 e R$ 26 bilhões), na que seria uma das operações mais importantes desse tipo no setor tecnológico nos últimos anos, desde a abertura do capital da Alibaba em Wall Street em 2014, que rendeu à varejista 25 bilhões de dólares (quase R$ 125 bilhões).

A decisão ocorre momentos depois de uma tentativa de compra pela Nvidia ter fracassado em fevereiro de 2022. A transação, no valor de 40 bilhões de dólares (R$ 206 bilhões na cotação da época), não foi adiante devido a “problemas regulatórios”.

A empresa conta com quase 6.000 empregados e reportou receitas de 2,7 bilhões de dólares (R$ 13,5 bilhões) em 2023.

A Arm enfrenta alguns riscos vinculados à sua dependência do mercado chinês e às tensões internacionais dos últimos anos em torno do estratégico setor dos semicondutores, particularmente entre Washington e Pequim.

O setor tecnológico mundial move-se atualmente em torno da euforia pela Inteligência Artificial generativa (IA), um ramo no qual a Arm espera ter um papel estratégico.

Segundo veículos especializados, muitos gigantes da tecnologia como Nvidia, Apple, Samsung Electronics e Intel estariam interessados em investir na Arm quando a empresa abrir seu capital.

O objetivo de valorização anunciado nesta terça-feira pela Arm é inferior aos mais de 60 bilhões de dólares (cerca de R$ 298 bilhões) esperados inicialmente pelo Softbank Group. Recentemente, o grupo japonês pagou 16 bilhões de dólares (quase R$ 80 bilhões) por 25% da Arm que estavam em poder de sua filial, Vision Fund.

– Intervalo e números –

A Arm espera colocar no mínimo 95,5 milhões de ações a um preço de 47 a 51 dólares (entre R$ 233,00 e R$ 253,00). Em caso de forte demanda, o número de papéis poderia alcançar os 102,5 milhões.

A Softbank seguirá sendo a acionista majoritária e manterá 90,6% das ações, um percentual que pode cair para 89,9% se a empresa colocar no mercado o número máximo de títulos considerado pela operação de IPO.

A empresa manterá sua sede em Cambridge e, no futuro, está aberta à possibilidade de operar também na bolsa de Londres, onde estava até ser comprada pela Softbank em 2016.

A companhia é uma referência mundial no desenho de semicondutores, depois fabricados sob licença para o mercado mundial de smartphones.

Seus processadores foram usados na fabricação de “mais de 99% dos smartphones no mundo” em 2022, assegura a empresa, que estima que “cerca de 70% da população mundial utiliza produtos” baseados em sua tecnologia.

“É muito mais difícil para a Arm capitalizar o desenvolvimento atual em matéria de inteligência artificial do que para uma empresa como a Nvidia, já que cerca de 60% a 70% de sua atividade vêm da telefonia móvel”, opinou Albie Amankona, analista da Third Bridge.

“Nossos especialistas estão céticos sobre a durabilidade a longo prazo do crescimento do faturamento e das margens elevadas”, detalhou. O analista estima um crescimento de 5% a 10% das receitas nos próximos cinco anos para a Arm, antes de uma queda, com margens diminuídas em um terço no próximo quinquênio”.

Fundada em 1990, a empresa planeja operar na Nasdaq sob a sigla “Arm”.

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