SAO PAULO, 23 JUL (ANSA) – A Bharat Biotech, fabricante indiana da vacina Covaxin, anunciou nesta sexta-feira (23) a rescisão de um memorando de entendimento com a empresa brasileira Precisa Medicamentos, responsável por intermediar a venda do imunizante no Brasil.   

De acordo com o comunicado, o contrato foi suspenso “com efeito imediato”, mas a empresa continuará trabalhando com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para obter todas as aprovações necessárias para a Covaxin ser utilizada no território brasileiro.   

Além disso, a Bharat, que tinha um contrato de R$1,6 bilhão para a compra de 20 milhões de doses, reforçou que não forneceu vacinas ao Ministério da Saúde, nem recebeu pagamentos antecipados.   

As negociações entre a Precisa Medicamentos e o governo de Jair Bolsonaro para a aquisição de doses da Covaxin se tornaram alvo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid após os senadores identificarem suspeitas de irregularidades no contrato assinado entre as duas partes.   

O caso veio à tona depois que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e de seu irmão, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, denunciaram supostas pressões do governo para liberar o imunizante no depoimento à comissão.   

O valor negociado pelo governo brasileiro foi o mais alto até agora: R$80,70 a unidade, preço quatro vezes maior que o imunizante da Fiocruz e da AstraZeneca. Após as polêmicas, em junho, o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a suspensão da negociação intermediada pela Precisa.   

No mesmo comunicado, a Bharat confirmou o valor de US$ 15 por dose da Covaxin. “Como parte de seu alcance de fornecimento global, a empresa se ofereceu para fornecer a Covaxin para o Brasil. O preço global (exceto para a Índia) da Covaxin foi definido entre US$ 15-20. Consequentemente, a Covaxin foi oferecida ao Governo do Brasil à taxa de US$15 por dose”.   

“Informa-se, ainda, que a empresa não recebeu adiantamento nem forneceu vacinas ao Ministério da Saúde do Brasil”, esclarece a nota.   

A Precisa, por sua vez, chamou a decisão de “precipitada” e afirmou que o encerramento do acordo “prejudica o esforço nacional para vencer uma doença que já ceifou mais de 500 mil vidas no país”.   

“É ainda mais lastimável porque [o fim do acordo] é consequência direta do caos político que se tornou o debate sobre a pandemia, que deveria ter como foco a saúde pública, e não interesses políticos”, diz o texto. (ANSA)