Fabíula Nascimento e Camila Queiroz refletem sobre machismo na maternidade

Atrizes estão em cartaz no cinema com a comédia 'Uma Mulher Sem Filtro'

Helena Barreto/Divulgação
Fabíula Nascimento e Camila Queiroz contracenam juntas em "Uma Mulher Sem Filtro" Foto: Helena Barreto/Divulgação

Em cartaz nos cinemas, “Uma Mulher Sem Filtro” levanta uma discussão aparentemente comum no dia a dia de qualquer mulher, porém, com detalhes nem sempre perceptíveis: o machismo sutil e ainda enraizado na sociedade.

Protagonista do longa-metragem roteirizado por Tati Bernardi e produzido pela Conspiração em coprodução com a Star Productions, Fabíula Nascimento dá vida a jornalista Bia, que enfrenta o desafio de viver em torno de relações abusivas com o chefe, com a irmã e o marido – este último interpretado por Emílio Dantas, companheiro da atriz na vida real.

Camila Queiroz, que também compõe o elenco do filme, dá vida à influenciadora digital Paloma, que entra na vida de Bia para fazer um alvoroço, a princípio, negativo. Contudo, aos poucos, a comunicadora percebe que a chegada da jovem empresária trará uma guinada à sua forma de ver a vida.

Em entrevista à IstoÉ Gente, Fabíula, Camila, Emílio e o diretor do longa, Arthur Fontes, destacaram os principais pontos da obra.

“Acho que a mulher tem esse poder de transformar tudo e todos que estão ao redor. O filme conversa muito bem com as mulheres e acho que todo mundo já passou por essas situações e tem vontade de perder o filtro”, afirma Fabíula, que frisa a abordagem do marido da personagem, um homem infantilizado, que não amadureceu e vive em função da esposa.

“Esse filme traveste de humor temas bastante relevantes e atuais. A gente consegue falar de machismo, etarismo. Acho que todo mundo já viveu com um cara encostado, esse protótipo de homem adolescente do nível que a gente apresenta no filme, todo mundo já cruzou, já se deparou com um desse”, completa.

Emílio Dantas reforça o estereótipo de seu personagem Francisco na composição do papel. “Não foi muito difícil [de fazê-lo], eu brinco dizendo que foi só ficar um pouquinho mais vagabundo do que eu já sou e um pouco mais errado [risos]”, conta o ator, que levou a parceria pessoal com a esposa para o set de filmagem.

“Fui entendendo o que eu precisava levar para a Fabíula fazer com que ela brilhasse e fizesse uma Bia que tivesse suas circunstâncias muito bem estabelecidas. E também não foi difícil, porque a gente tem um jogaço dentro de casa e a gente só levou esse jogo para o set”, destalha.

Já Emílio Dantas opinou sobre a possibilidade de os homens não irem ao cinema para assistir ao filme, que serve de espelho para comportamentos de muitos deles, e justifica:

“A gente não pode se iludir achando que o filme vai modificar a visão dos homens, mas acho que os poucos homens que vão assistir a esse filme, vão ter uma história muito bacana para refletir. E acho que a questão agora não é a quantidade, é a qualidade da transformação que a gente pode trazer subjetivamente, puxando um papo com suas companheiras e companheiros”.

O diretor, por sua vez, exemplifica: “Para a minha surpresa, eu ouvi muitas gargalhadas masculinas [na primeira exibição do filme]. Me deu uma tranquilizada. Fiquei com a sensação de que falava para os dois gêneros”.

Ao ser questionado sobre o fato de os homens rirem de situações que causam estresse e desconforto na mulher, ainda que fosse em uma ficção, Dantas defende:

“Eu apostaria que essas risadas vêm de um reconhecimento, de uma identificação. E se vem uma identificação, a partir do momento em que os homens forem conversar com as suas companheiras, porque eles se identificaram, uma hora esse assunto virá à tona em uma conversa em que elas vão falar o porquê de aquilo ser irritante e se realmente tem graça. E é aí que a magia acontece”.

Machismo x maternidade

Mãe dos gêmeos Roque e Raul, de 3 anos de idade, frutos de seu casamento com Emílio Dantas, Fabíula refletiu sobre a responsabilidade de educar dois homens para um mundo menos machista em comparação àquele em que ela cresceu.

“É um compromisso, né? Eu, pelo menos, que tenho dois homens, é um compromisso. É um compromisso com o Emílio também, que também reviu todos os seus conceitos, toda a sua criação. Uma das coisas mais difíceis que eu faço na minha vida é educar, ainda mais dois homens”, afirma.

“É um compromisso com a sociedade que eu tenho, sabe? De criar dois caras gentis, sabendo que tem equidade e que sejam gentis e que endeusem as mulheres e sejam bons namorados, bons homens. É um compromisso que eu tenho. Eu e o Emílio”, ressalta ela, abrindo a discussão para Camila Queiroz, que endossa:

“Vou concordar com a Fabíula. É uma missão que eu ainda só imagino, ainda não sei como vai ser, mas eu acho que [fundamental] passar os valores, caráter, ensinar, respeito com o próximo, rever os seus próprios valores, as coisas mais difíceis da vida, e saber dar limites”, enfatiza a atriz, que está grávida e no momento da entrevista ainda não sabia que terá uma menina.

“Sinceramente, na prática eu vou descobrir e a gente conversa sobre isso, mas eu acho que é saber dar limites, saber ser uma pessoa respeitosa, com caráter e ética”, encerra.

Assista à entrevista abaixo: