Fábio de Luca fala sobre estreia em novelas na Globo: ‘Friozinho na barriga’

Em bate-papo para IstoÉ Gente, ator do ‘Porta dos Fundos’ conta a experiência de dar vida ao detetive Sabiá em ‘Êta Mundo Melhor!’

Divulgação/TV Globo.
Fábio de Luca como o detetive Sabiá em 'Êta Mundo Melhor!'. Foto: Divulgação/TV Globo.

Rir é sempre o melhor remédio, e artistas como Fábio de Luca sabem bem disso. Na pele do detetive Sabiá de “Êta Mundo Melhor!”, sucesso das 18h da Globo, o artista, enfim, leva às novelas sua arte de arrancar risadas, após acumular 27 anos de carreira na dramaturgia. 

No folhetim, o detetive é contratado para encontrar Junior/Samir (Davi Malizia), o filho de Candinho (Sergio Guizé). Ele também pode ser visto em participação especial na série de sucesso “Pablo e Luisão”, recém-lançada no Globoplay, além de integrar o elenco da nova temporada do reality de humor “LOL: Se Rir, Já Era”, no ar na Prime Video. Em 2026, estará no remake da novela “Dona Beija”, na Max, interpretando o Coronel Tenório Madeira.

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Com 45 anos de idade e 27 de carreira, o ator, comediante, roteirista e diretor ganhou projeção na internet em 2014 ao integrar o elenco do canal “Parafernalha”, onde também atuou como roteirista. Em 2018, consolidou seu nome no humor nacional ao ingressar na troupe “Porta dos Fundos”, onde permanece até hoje.

Em seu currículo estão ainda trabalhos no cinema, como “Juntos e Enrolados”, “Ninguém é de Ninguém”, “Vidas Partidas” e “Te Prego Lá Fora”. No streaming, atuou em “Eleita” (Prime Video), no premiado “Se Beber, Não Ceie” (Emmy Internacional de Comédia, 2019), “LOL: Se Rir, Já Era” (2025), entre outros. Na TV, participou de produções como “Tô de Graça”, “Filhos da Pátria”, “Sob Pressão” e “B.O.”. No teatro, já atuou em diversos espetáculos cômicos e fez sua estreia no drama com a peça “Sedes”, em 2023.

Agora, Fábio de Luca prepara um novo espetáculo teatral com estreia prevista ainda para 2025, ao mesmo tempo em que desenvolve o roteiro de um longa de comédia com temática espírita, que terá direção de Wagner de Assis, cineasta de sucessos como “Nosso Lar”. O artista carioca prepara ainda uma oficina de interpretação e criação de personagem de comédia, prevista para o segundo semestre, no Espaço Cultural Amigos da Luz, no Rio. Desde 2015, Fábio também comanda o canal “Amigos da Luz”, em que mistura espiritismo e humor.

Em bate–papo para IstoÉ Gente, o artista relembra sua trajetória e conta como é participar pela primeira vez de uma novela. Segundo ele, apesar da experiência de quase três décadas e da intimidade com as câmeras, ainda sente frio na barriga ao entrar em cena.

Você está estreando em uma novela somente agora, com 27 anos de carreira. Sonhava com essa oportunidade? E como tem sido a experiência?

Demorou, mas chegou no momento certo. Eu cresci num tempo em que aparecer numa novela era quase como ter a carteira de identidade de ator carimbada. Então, claro que eu sonhava. Mas fui levando a vida com teatro, cinema, internet… e, de repente, a novela bateu na porta. E tá sendo uma delícia! Gravar cada capítulo é como ganhar um presente novo, cheio de surpresas. Eu entro no estúdio ainda com aquele friozinho na barriga de quem tá começando agora.

Mesmo com tantos anos de carreira, fazer novela te trouxe novos aprendizados? Quais?

Sem dúvida. Novela é um tipo de maratona artística. A gente grava todo dia, por meses, e tem que manter frescor e energia. É muito diferente da dinâmica de gravação de um esquete como os do ‘Porta dos Fundos’, por exemplo, onde toda minha função como ator se completa em algumas horas. Na novela eu tô aprendendo a ter fôlego longo, a manter a unidade do personagem dentro do processo fragmentado e fora de ordem de gravação, e, por isso mesmo, a aproveitar cada pequeno detalhe das cenas para potencializar o trabalho.

Mais uma vez estamos vendo você, que é conhecido pelo “Porta dos Fundos”, fazendo um papel cômico, só que agora, na novela. Tem receio de ser sempre associado ao universo do humor? Tem vontade de fazer drama?

O humor sempre foi a porta de entrada, mas eu não me limito a ele. No teatro já tive a chance de fazer drama, como em “Sedes”, do Wajdi Mouawad, onde interpretei Boon, um antropólogo forense cheio de traumas. Foi um mergulho psicológico muito profundo, completamente diferente de tudo que eu estava acostumado a fazer na comédia. Um personagem denso, doloroso, daqueles que te tiram da zona de conforto e te obrigam a lidar com silêncios, com feridas, com camadas emocionais pesadas. Essa experiência só aumentou minha vontade de explorar outros gêneros.

Você segue fazendo trabalhos no coletivo “Porta do Fundos”. Como é fazer parte desse projeto que inovou as mídias do audiovisual? Além de atuar, você sugere temas para os vídeos, colabora com textos etc?

O “Porta” virou uma espécie de patrimônio cultural do humor brasileiro. Estar ali é estar dentro de uma usina criativa. Eu atuo, claro, mas também palpiteiro que sou, dou ideia, mudo texto pra caber na minha boca, às vezes sugiro temas. É um laboratório vivo, onde tudo pode nascer de uma conversa de bastidor.

Há pouco tempo, você chegou a passar um período num spa para emagrecer e relatou em entrevistas sobre a importância de voltar a se cuidar. No trabalho, você acha que ainda há rejeição para pessoas de corpos “fora do padrão”? Você já sentiu algum preconceito?

Existe, sim. Não dá pra fingir que não. Mas também já foi muito pior. Quando comecei, praticamente não se via gente gorda em papéis de destaque, hoje já tem mais espaço, embora ainda seja pouco. O olhar está mudando, mas é um processo lento. Eu mesmo já ouvi comentários atravessados, já senti olhares que te medem mais pelo tamanho da calça do que pelo talento.

E como vai esse projeto de cuidados com a sua saúde e alimentação depois que saiu do spa?

Vai numa eterna queda de braço entre o Fabio saudável e o Fabio fã de delivery. Mas sigo firme. Perdi peso, larguei o cigarro, ganhei disposição. Não virei exemplo de disciplina, mas aprendi que se cuidar não é luxo, é sobrevivência. Então vou aos trancos e barrancos, mas sigo.