Fabi Justus não é mais picada por mosquito? Saiba mitos e verdades sobre transplante

Especialistas desmistificam 'lendas' em torno da troca de medula óssea em transplantados

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Fabiana Justus levantou questões curiosas de seu organismo sobre o pós-transplante de medula óssea Foto: Reprodução/Instagram

Fabi Justus, filha do empresário Roberto Justus, contou mais uma curiosidade a respeito de seu transplante de medula óssea, realizado e bem-sucedido, em março de 2024. Ela não é mais picada por mosquitos.

Tudo começou quando a influenciadora foi questionada por seguidores no Instagram sobre o que mudou em sua vida após realizar o procedimento.

Em resposta, Fabiana incluiu duas revelações curiosas, sendo o fim da intolerância à lactose, que ela tinha antes do transplante, e o desaparecimento das picadas de mosquito.

“Vou falar duas coisas muito curiosas que mudaram: não tenho mais intolerância à lactose, e também não sou mais picada por mosquitos. Sério, eu era aquela pessoa que todos os mosquitos picavam sempre! Depois do transplante, eu não lembro de alguma picada que tomei [risos]”, disse

Mas afinal, é possível que o transplante de medula óssea modifique o organismo do receptor da medula novo a ponto de acontecer mutações?

A IstoÉ Gente conversou com os especialistas *Wellington Azevedo, médico hematologista da Rede Mater Dei de Saúde, e **Jayr Schmidt Filho, médico hematologista e líder do Centro de Referência em Neoplasias Hematológicas do A.C. Camargo Cancer Center, para esclarecer o que é VERDADE e o que é MITO em torno do assunto.

Confira abaixo:

  • Mosquitos não picam pessoas transplantadas.

MITO – Mosquitos picam qualquer pessoa, porque tendem a picar animais de sangue quente e não têm muita dificuldade, nem muita escolha, qualquer animal de sangue quente pode ser susceptível de picada por mosquitos. Mas pode acontecer de o transplantado estar tomando algum medicamento que provoque alguma eliminação pela pele, causando a repelência a insetos, mas é uma questão do paciente ou do que ele está usando.

Uso de alguns cremes de cuidado com a pele também podem influenciar, mas normalmente os pacientes transplantados são susceptíveis de picadas de mosquitos, sim, tanto é que dengue, zika, chikungunya, são doenças muito graves em pacientes transplantados.

  • Transplantados podem “curar” questões como intolerância à lactose.

VERDADE – Algumas situações de natureza alérgica ou imunológica podem ser modificadas pelo transplante de medula óssea.

  • Existe uma dieta alimentar restritiva para todos os pacientes transplantados.

MITO – Nas fases iniciais do transplante de medula óssea (primeiros meses), os pacientes podem ter restrições alimentares por causa dos efeitos do transplante, mas no longo prazo isso deixa de ser importante e o paciente pode retornar a sua dieta original. O problema é que eles são imunossuprimidos e não podem comer qualquer dieta. Eles têm que comer dieta que seja rigorosamente limpa, que não tenha conteúdo de bactéria muito alto. Mas não existe uma restrição absoluta, e nem absolutamente.

  • O transplante de medula óssea é uma cirurgia.

MITO – o transplante de medula óssea é realizado através de infusão (injeção na corrente sanguínea) de células tronco após o paciente ter sido preparado com quimioterapia e ou radioterapia para receber essas células.

  • A medula óssea é retirada do doador.

VERDADE – As células-tronco da medula óssea são retiradas do doador. É importante destacar que a medula óssea do doador se regenera em pouco tempo, sem prejuízo à sua saúde.

  • O transplante pode ser autólogo (do próprio paciente) ou alogênico (de um doador).

VERDADE – Existem dois tipos principais de transplante de medula óssea: o autólogo, em que as células-tronco são do próprio paciente, e o alogênico, quando o material vem de um doador compatível. A escolha do tipo de transplante depende de diversos fatores, principalmente do tipo e estágio da doença.

  • O uso de medicamentos imunossupressores é fundamental para evitar a rejeição do órgão transplantado.

VERDADE – No caso do transplante de medula óssea alogênico, o uso de medicamentos imunossupressores é essencial. Eles ajudam a prevenir a chamada doença do enxerto contra o hospedeiro, uma condição em que as células do doador atacam o organismo do receptor. Esses medicamentos reduzem essa resposta imunológica e são parte crucial do sucesso do transplante.

Referências Bibliográficas

*Wellington Azevedo, médico Hematologista da Rede Mater Dei de Saúde (CRM MG 13868)

**Jayr Schmidt Filho, é médico hematologista e Líder do Centro de Referência em Neoplasias Hematológicas do A.C. Camargo Cancer Center  (CRM-SP 127063)