04/08/2024 - 16:31
Dezenas foram presos em atos convocados pela extrema direita em reação ao crime, que tem alimentado ressentimentos anti-imigração. Turba invadiu hotel que abriga refugiados, e premiê reage: "Vão se arrepender."Neste domingo (04/08), em mais uma escalada da violência que se abateu sobre o Reino Unido após o esfaqueamento de três crianças, um hotel na cidade inglesa de Rotherham que abrigava refugiados foi invadido por extremistas de direita .
A turba entrou em confronto com a polícia, que não foi capaz de impedir o grupo de quebrar janelas, tentar atear fogo ao local e atirar parte do mobiliário do hotel contra os agentes.
Imagens exibidas na TV britânica mostram policiais com escudos sendo atingidos por objetos na área externa de um hotel em Rotherham. Poucos minutos depois, os agressores invadiram o prédio e retiraram cadeiras de dentro do imóvel para usá-las contra os agentes – ao menos um deles saiu ferido.
O confronto é o mais recente de uma série de protestos violentos liderados por grupos anti-imigração e anti-islã em cidades britânicas desde o ataque a facadas, em 29 de julho, a um estúdio de dança em Southport, cidade litorânea no noroeste da Inglaterra.
Três crianças morreram e outras dez pessoas ficaram feridas no episódio – das quais oito também são crianças.
O suspeito, Axel R., é um rapaz de 17 anos nascido no Reino Unido e filho de imigrantes vindos de Ruanda. Desde o ataque, pululam em perfis de extrema direita nas redes sociais falsas alegações de que o suspeito seria um refugiado que chegou ao Reino Unido em um bote, e que as autoridades britânicas estariam escondendo esse fato.
Final de semana caótico e mais de 90 presos
Vários outros protestos da extrema-direita e contra-manifestações estavam previstos no Reino Unido para este domingo.
Nas cidades de Liverpool, Bolton e Southport – esta última local do esfaqueamento –, a polícia foi autorizada a dispersar as manifestações preventivamente.
No sábado, mais de 90 pessoas foram detidas em protestos violentos convocados pela extrema direita em várias cidades britânicas, informou a polícia do Reino Unido.
Em Hull, Liverpool, Bristol, Manchester, Stoke-on-Trent, Blackpool e Belfast, os participantes das manifestações atiraram garrafas de cerveja, pedras e cadeiras contra os policiais e atearam fogo em contêineres de lixo. Algumas lojas foram saqueadas.
Em Hull, janelas de outro hotel que abrigava imigrantes também foram quebradas pelos manifestantes, segundo a BBC.
Em Belfast, Nottingham e Bristol, extremistas e antirracistas protagonizaram confrontos violentos.
Na sexta-feira, o país já tinha vivido a terceira noite de tumulto de tumulto após protestos em Sunderland, no norte da Inglaterra, degringolarem. O centro da cidade foi vandalizado e prédios e veículos, incendiados. Três policiais tiveram que ser levados ao hospital, e oito pessoas foram presas por crimes como desordem violenta e roubo.
"Garanto que vocês vão se arrepender", promete premiê
"Não toleraremos a violência criminosa em nossas ruas", disse a Secretária do Interior do Reino Unido, Yvette Cooper, acrescentando que os que participarem de baderna enfrentarão "as penas mais severas possíveis".
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer assegurou total apoio às forças da ordem contra os "extremistas" que tentam "semear o ódio", afirmou um porta-voz.
"Garanto que vocês vão se arrepender de participar dessa baderna, seja diretamente ou atiçando essa ação online", afirmou Starmer horas depois, em pronunciamento à nação. "Vamos fazer o que for preciso para levar esses agressores à Justiça."
Antecessor de Starmer no cargo até bem pouco tempo, o conservador Rishi Sunak também condenou a violência dos manifestantes. "As cenas chocantes que estamos vendo nas ruas da Grã-Bretanha não têm nada a ver com a tragédia em Southport. Isso é um comportamento criminoso e violento que não tem lugar em nossa sociedade."
ra/le (AFP, dpa, Reuters, AP, ots)