Vista como um desafio para a União Europa, a eleição na Holanda deu vitória ao líder dos liberais, Mark Rutte, que conseguiu se reeleger ao cargo de primeiro-ministro e derrotar o movimento de extrema-direita que ganhara força no país com Geert Wilders.

De acordo com a apuração dos votos, os liberais do VVD ficaram com ao menos 31 cadeiras no Parlamento, enquanto o Partido para a Liberdade conseguiu 19 assentos, de um total de 150 na Casa, e empatando com outras duas legendas. “Que noite! Conseguimos parar o populismo errado”, comemorou o premiê no Twitter. Mesmo com a derrota, Wilders, que prometia tirar a Holanda da União Europeia e adotar medidas contrárias à imigração, tornou-se a segunda maior força dentro do Parlamento.

“Obrigado aos meus eleitores. Ganhamos cadeiras. Rutte não se desfez de mim”. O resultado foi celebrado pela Europa, que temia que as eleições da Holanda abrissem caminho para novos partidos extremistas e nacionalistas. “Foi um bom dia para a democracia”, comemorou a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, que também enfrentará uma onda populista nas eleições de seu país.

O candidato de extrema-direita e líder do ‘Partido para a Liberdade’ holandês, Geert Wilders
O candidato de extrema-direita e líder do ‘Partido para a Liberdade’ holandês, Geert Wilders (Crédito:AFP)

Os resultados na Holanda também asseguraram um bom desempenho na abertura dos mercados europeus nesta quinta-feira (16). A Bolsa de Valores de Amsterdã teve alta de 0,7%, enquanto Londres subiu 0,9%. Em Frankfurt, o aumento bateu 1%, em Milão, 1,5% e, em Madri, 1,54%.

De acordo com a apuração dos votos, os partidos holandeses antiracista Denk e o ambientalista GroenLinks apresentaram crescimentos expressivos nas urnas. O primeiro movimento conseguiu pela primeira vez 2% dos votos e ficou com três assentos. O segundo passou de 2,3% dos votos em 2012 para 9%, acumulando 14 postos.

Turquia.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Desde o fim de semana passado, a Holanda e a Turquia sofrem uma crise diplomátia porque o governo holandês proibiu que dois ministros turcos participassem de um comício em Rotterdam. O avião com o chanceler turco, Mevlut Cavusoglu, foi impedido de pousar e fez Ancara reagir, como convocar os representantes de negócio da Holanda no país e ameaçar com sanções.

Ao comentar sobre as eleições holandesas, Cavusoglu desprezou o pleito e disse que “não há diferença entre os sociais-democratas ou o facismo de Wilders”.

“Todos têm a mesma mentalidade. Vocês deram o início para o colapso da Europa. Estão levando a Europa para um abismo. Em breve, começarão as guerras de religião na Europa”, profetizou o ministro.

O partido de extrema-direita da Itália, a Liga Norte, de Matteo Salvini, disse, por sua vez, que Wilders tem um compromisso forte e é uma figura importante na Holanda. “Wilders é central para o debate. Se não fosse ele, a Holanda não teria impedido o avião dos ministros turcos de aterrissar”, comentou, alegando que “as boas ideias crescem” e que, por isso, o partido holandês foi o segundo mais votado no pleito.

Os líderes europeus esperam que a derrota da extrema-direita holandesa reflita em outros países que passarão também por eleições e onde os movimentos nacionalistas têm ganhado força, como a própria Alemanha e a França.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias