Por meio século, um cômodo do casarão de número 247 da Calle Londres, na Cidade do México, permaneceu fechado a pedido dos antigos moradores, Diego Rivera e Frida Kahlo. Entre 1929 e 1954, a Casa Azul, como era conhecida, foi a residência mexicana do casal, que ali albergou hóspedes célebres como o russo Leon Trotsky. Após a morte de Frida, a antiga moradia foi transformada em museu. O banheiro em que os artistas mais famosos do México guardaram parte de sua intimidade, contudo, permaneceria lacrado por determinação de ambos.

Frida fotografada por Nickolas Muray
Frida fotografada por Nickolas Muray (Crédito:Divulgalção)

Em 2007, ano que celebrou o centenário de nascimento de Frida e os 50 anos da morte de Rivera, o que os dois mantiveram como segredo finalmente foi revelado. No banheiro havia cerca de 22 mil documentos, além de objetos pessoais, vestidos, espartilhos, medicamentos e até brinquedos, além de 6.500 fotografias. Parte desse acervo está exposto agora em São Paulo, em dois endereços. Até 20 de novembro, o Museu da Imagem e do Som (MIS) abriga a mostra “Frida Kahlo – Suas Fotos”, com 241 imagens, enquanto o Espaço Cultural Porto Seguro exibe “Olhares sobre o México”, com 25 fotografias.

No MIS, a mostra é dividida em cinco seções. Em “Origens” estão os retratos familiares mais representativos do arquivo da artista. “Casa Azul” destaca a residência que foi cenário de muitas sessões fotográficas, incluindo aquelas em que Frida posou para o pai Guillermo Kahlo, fotógrafo profissional. “Política, revoluções e Diego” mostra cenas da revolução mexicana e retratos de líderes do socialismo que Diego Rivera colecionava.

“Corpo acidentado” inclui uma série feita pelo húngaro Nickolas Muray após o grave acidente que Frida sofreu em 1925 e que a manteve imóvel durante meses. “Amores” se concentra na vida sentimental da pintora, como na que ela aparece com a fotógrafa e modelo italiana Tina Modotti, além de retratos da atriz Dolores del Río, da pintora Alice Rahon e, claro, de Diego Rivera. O Espaço Cultural Porto Seguro reúne trabalhos de artistas que presentearam Frida, entre eles Man Ray e Pierre Verger, sempre destacando a visão particular que cada um tinha do México.