No próximo sábado, 28 de outubro, o IMS Paulista inaugura a exposição “Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou”. A exposição reconstitui a cena cultural carioca, a partir do começo do século 20, na qual as comunidades afrodescendentes criaram o samba urbano.

A mostra aborda as complexas redes de trabalho, solidariedade e espiritualidade construídas nesse período histórico, além de suas reverberações no presente, das escolas de samba aos terreiros e quintais.

No lançamento haverá uma roda de samba conduzida pelo bloco Cacique de Ramos, fundado em 1961 por um grupo de jovens moradores dos subúrbios da Leopoldina, cuja história está contemplada na exposição. Com eles, nasceu o Fundo de Quintal, grupo que revolucionou o samba no final da década de 1970, dando-lhe a feição de pagode.

Na mostra, são exibidas fotos que registram a história do bloco, como a série de imagens tiradas por Carlos Vergara na década de 1970, além de discos, estandartes, fantasias e instrumentos musicais.

Resistência e referência

Dividida em dois andares, a exposição reúne aproximadamente 380 itens, entre documentos, gravações musicais, fotografias, matérias de jornais, filmes e obras de arte, provenientes do acervo do IMS e de outras instituições.

A mostra faz alusão ao termo “Pequena África”, cunhado pelo artista Heitor dos Prazeres para se referir à região da Zona Portuária do Rio, que, no começo do século 20, concentrava uma numerosa população afrodescendente. Na exposição, no entanto, o termo é pensado enquanto construção política e expandido para outras regiões da cidade.

“A partir da Pequena África histórica, propomos um percurso pelas Pequenas Áfricas que a ela se sucederam, menos um lugar do que um conjunto de práticas consagradas àquele modo de vida. Uma ideia pulsante em núcleos de resistência e ação sustentados por referências e valores de um Rio de Janeiro negro, para além dos clichês que se confundem com a imagem oficial da cidade”, disse o time de curadoria.

São eles os historiadores e professores Angélica Ferrarez, Luiz Antonio Simas, Vinícius Natal e Ynaê Lopes dos Santos, e a arquiteta Gabriela de Matos assina a expografia.

Os Oito Batutas: Jacó Palmieri, Donga, José Alves, Nelson Alves, Raul Palmieri, Luís de Oliveira, China e Pixinguinha, 1919
Os Oito Batutas: Jacó Palmieri, Donga, José Alves, Nelson Alves, Raul Palmieri, Luís de Oliveira, China e Pixinguinha, 1919 (Crédito:Autoria não identificada. Coleção José Ramos Tinhorão/Acervo IMS)

Em cartaz até abril de 2024, a exposição celebra o samba como uma cultura em constante movimento, fruto de laços artísticos e comunitários, além de disputas e negociações.

“Esta exposição parte da música para percorrer a intrincada rede de encontros, trocas e conflitos que ali se formou na primeira metade do século 20. Consciência política, religiosidade e solidariedade são inseparáveis da sofisticada produção artística que se espraia no espaço – ganhando uma cidade, o país e o mundo – e no tempo, ainda hoje pulsante em seu espírito dissidente de um país racista e desigual”, completou os curadores.

Serviço

“Pequenas Áfricas: o Rio que o samba inventou”

Inauguração: 28 de outubro até 21 de abril de 2024 com entrada gratuita
Endereço: IMS Paulista, Avenida Paulista, 2424, São Paulo
Horário: Terça a domingo e feriados, 10h às 20h

Acessibilidade

A exposição conta com recursos de acessibilidade, como vídeo de apresentação e contextualização em Libras, legendado em português e com audiodescrição; roteiro de audiodescrição com descrição dos espaços, objetos e fotografias; quatro pranchas em relevo; além de tradução poética de músicas em Libras pelas artistas Nayara Silva (surda) e Anne Magalhães (ouvinte).

Para mais informações, acesse o site do IMS.