Uma exposição de fotos totalmente feita com iPhone vai ocupar as galerias das estações das linhas 4 e 5 do Metrô de São Paulo a partir de 1º de fevereiro.

A #ocupaçãobicicleta mostra cenas do cotidiano da bike como meio de transporte em várias cidades da Europa. As fotos instantâneas foram clicadas pela jornalista multimídia Denise Silveira em suas viagens desde 2016.

Denise, 52, trabalhou por 30 anos nas principais emissoras de TV do Brasil. Recentemente recebeu 6 prêmios nacionais e internacionais, entre eles melhor direção, pelo curta “Alma de Bicicleta”. E Menção Honrosa no Mobifilm 2018 pelo curta “Ciclovia Musical”.

A jornalista passou a se interessar pela mobilidade sustentável e acessibilidade quando, em 2013, ficou 8 meses sem andar. Quando se recuperou, começou a usar a bicicleta para evitar os degraus dos ônibus, principalmente para ir aos ensaios do Coral da USP, onde canta como soprano.

O trabalho de comunicação feito para a Ciclovia Musical rendeu matéria sobre o projeto no Jornal Nacional e reconhecimento internacional. Denise foi palestrante selecionada, em 2019, da maior conferência sobre bicicletas e cidades, realizada em Dublin, Irlanda, organizada pela Federação Europeia de Ciclistas, a Velo-city (vélo = bicicleta em francês).

A conexão com o país tornou Denise colaboradora do diretor de planejamento da Autoridade Nacional de Transportes da Irlanda, Vincent McCarthy, na pesquisa que faz na Trinity College sobre como trazer as mulheres para a bicicleta.

A Irlanda é cenário de algumas imagens da #ocupaçãobicicleta, como a bike parade da Velo-city num parque – e também cenas urbanas como um pai que leva a filha na garupa enquanto ela observa uma escultura de bicicleta na calçada. Em Dublin, Denise clicou a cantora Martn’ália, filha de Martinho da Vila, que é ciclista, e estava na Europa para cantar Vinícius de Moraes.

Na Bélgica, em 2018, Denise esteve no lugar que seria escolhido meses depois como um dos 100 que você não pode deixar de conhecer pela revista Time: Fietsen Door Het Water, a ciclovia dentro d’água de Bokrijk. Ao contrário de outras passarelas que seguem por cima de vias e rios, esta é submersa no lago e proporciona uma sensação diferente para ciclistas e pedestres. Na Trienal de Arte de Bruges, a baleia gigante feita de duas toneladas de lixo plástico retiradas do mar do Havaí e instalada dentro do canal, contracena com a arquitetura medieval e com as bicicletas das turistas que visitam as obras de arte.

“Não comecei esse trabalho pensando numa exposição. Ele foi surgindo a partir de cenas que fotografei na Alemanha, em 2016, e que não necessariamente eu estava clicando bicicletas, mas elas apareciam no quadro. A ideia do trabalho é aproximar as pessoas de uma realidade onde a bicicleta está fortemente inserida no cotidiano” diz Denise.

O metrô surgiu como uma possibilidade ainda maior de democratizar esse acesso à informação sobre a mobilidade sustentável. E de permitir a quem se desloca de metrô para o trabalho durante a pandemia, ter uma exposição para olhar no meio do seu caminho, num momento em que muitas galerias continuam fechadas.

“E por que não inspirar o passageiro para que essa possa também vir a ser a sua realidade, que ele possa usar a intermodalidade e percorrer um trecho de trilhos e outro de bike”, completa a jornalista.